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Indígenas denunciam pirataria no rio Solimões

Os indígenas dizem ter criado sua própria guarda, mas sabem que não são páreo para os piratas.

Indígenas das etnias Kokama, tikuna e mayoruna da terra indígena Porto Praia de Baixo, na margem do rio Solimões, localizada entre os municípios de Tefé e Uarini – denunciam pirataria em larga escala no rio Solimões.

Segundo eles, os invasores estão cada vez mais ousados e frequentes. Em especial madeireiros, pescadores e extratores de areia. Os indígenas chegaram a montar uma “guarda florestal” formada por oito homens, que fazem rondas diárias mata adentro. Mas sabem que isso é pouco.

De acordo com os relatos, a região está dominada por piratas, que atacam embarcações pelo Solimões. A pirataria explodiu ali, porque explodiu também o tráfego de embarcações para garimpo ilegal e narcotráfico internacional.

Os moradores da terra indígena notaram que os ataques também se estenderam a embarcações mais simples, e os crimes já não se limitam ao enfrentamento entre piratas, garimpeiros e narcotraficantes.

Tráfico na aldeia

Os guardas da margem do rio costumam, à noite, ficar mobilizados em frente ao posto de saúde da comunidade. O medo é que os piratas levem a lancha do posto. Já dentro da terra indígena são comuns os flagrantes de venda de cocaína e skank, de acordo com os guardas.


Os indígenas precisaram mudar seus hábitos devido aos piratas. Quando precisam ir a Tefé, evitam embarcar de madrugada. E voltam sempre antes do anoitecer. “Hoje os piratas roubam até peixe”, diz um indígena. A pesca vem sendo feita à luz do dia, como medida de precaução.


No fim de junho, uma ação numa comunidade vizinha terminou com o roubo da embarcação de um ribeirinho, que só se salvou porque se jogou na água, e a prisão dos piratas pela polícia.

Demarcação

A demarcação da Terra Indígena Porto da Praia de Baixo, no rio Solimões, nem existe oficialmente. O pedido não aparece no banco de dados da Funai (Fundação Nacional do Índio) para territórios cujos processos de delimitação estão em estudo.

No Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a anotação sobre a reivindicação é: sem providências.


As 98 famílias do território -são 433 indígenas, segundo um documento da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) – precisam se proteger da pirataria, dos invasores, de ações de reintegração de posse e, ao mesmo tempo, provar a relação com a terra e a própria identidade indígena.


A comunidade se formou a partir do restabelecimento de vínculos, em especial por parte de indígenas que viviam em Tefé e Manaus, principalmente, e que só falavam português. A escola de Porto Praia tem ensino bilíngue, numa tentativa de resgate de tradições.

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