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Indigenista e jornalista foram mortos a tiros de armas de caça, diz perícia

Um dos presos no Amazonas também confessou que os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips foram esquartejados e queimados, na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, na divisa com o Peru

A Polícia Federal informou em sua última nota do Gabinete de Crise em Manaus, neste final de semana, que o indigenista Bruno Pereira e jornalista Dom Phillips foram mortos com armas de caça – espingarda. O servidor da Funai foi atingido com três tiros – dois na altura do tórax e abdômen, e outro na cabeça. O inglês levou um tiro no abdomen.

Os peritos concluíram que a “morte do indigenista foi causada por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo”.

De acordo com a PF, eles foram atingidos por munição típica de caça, que dispara vários balins – esferas de chumbo ou aço que se espalham após um tiro de espingarda provando multiplas lesões internas.

O laudo aponta que “não existem indicativos da presença de outros indivíduos em meio ao material que passa por exames”. Ou seja, não há possibilidade de existência de restos mortais de outras pessoas no material que está sendo analisado.

A identificação de Bruno foi possível por meio de análise da arcada dentária, já Dom Phillips foi identificado por meio da arcada dentária e de exame de impressões digitais.

A PF afirma que os peritos vão continuar os trabalhos nos próximos dias, com exames de genética forense, antropologia forense e métodos complementares de medicina legal. O objetivo é identificar totalmente os remanescentes e compreender a dinâmica dos eventos.

Saiba mais

Dom Phillips, que era colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram vistos pela última no dia 5 de junho, na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.

Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios.

O indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região, informação confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre a denúncia. Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) – entidade mantida pelos próprios indíos da região.

Entre as suas missões, estava a de impedir a caça e a pesca ilegal na reserva, bem como outras práticas criminosas. A reserva do Vale do Javari concentra o maior número de índios isolados ou de recente contato do planeta e qualquer aproximação com não índios pode desencadear um processo de extermínio desses povos, seja pela disseminação de doenças ou enfrentamento direto.

Segundo um dos autores do crime, a motivação do assassinato de Bruno e Dom teria sido justamente a atuação deles na denúncia de acesso e exploração ilegal da reserva. A PF chegou a dizer, na sexta-feira (17), que não haveria mandantes nem participação de organizações criminosas. A conclusão, no entanto, foi rechaçada pela Unijava, que, em nota, informou terem sido repassados dados sobre organizações criminosas que estariam atuando na região.

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