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Índios isolados fazem contato na fronteira do Acre com Peru

Na área do encontro indígena, não há barreiras sanitárias contra o coronavírus ou a presença da Funai e Sesai, segundo informações do jornal O Globo

Contato de outro grupo de índios isolados também no Rio Envira com Ashaninkas, em 2014

Um grupo de índios isolados fez contato com a aldeia Terra Nova, onde vivem os Kulina Madiha do Rio Envira, na fronteira do Acre com o Peru. Relatos feitos ao jornal O Globo pelo cacique da tribo, Cazuza Kulina, informam que, há mais ou menos uma semana, um índio chegou sozinho à aldeia e pernoitou na casa de um morador.

Um dia depois, de acordo com Cazuza, homens, mulheres e crianças (estimados entre 10 e 20 indígenas) também chegaram. O contato, considerado raro por indigenistas, acontece em meio ao momento de maior risco desses povos por conta do avanço da Covid-19 dentro das florestas.

O jornal O Globo apurou junto a moradores da aldeia Terra Nova que há índios kulina com sintomas de tosse, dor de cabeça e cansaço.

De acordo com Cazuza, eles foram embora levando alimentos (macaxeira, banana e milho), panelas, machado e algumas peças de roupa, cobertas e redes. A área onde vivem os Kulina Madiha é um dos pontos da Amazônia na qual não existe barreiras sanitárias instaladas pelo governo federal.

– Eram muitos, todos nus, havia crianças e mulheres também. Todos brabos (isolados). Foi a primeira vez que eles apareceram por aqui – afirmou o cacique, que fala na língua Madiha e encontrou dificuldades para se comunicar com eles.

Cazuza não soube identificar qual grupo ou etnia pertencem os índios que estiveram na aldeia. Ele disse apenas que os homens usavam linha amarrada ao pênis (cinto peniano, comum entre algumas etnias) e não estavam armados. Eles teriam vindo de um lugar conhecido como Igarapé Maronal, no Alto Rio Humaitá.

Em 2014, houve contato de outro grupo de índios isolados também no rio Envira com Ashaninkas que vivem na Terra Indígena Kampa, do qual participou o sertanista José Meirelles. 

Esses novos indígenas que apareceram fazem parte de um dos 28 grupos com registros confirmados em todo território nacional. Outros 86 estão em estudo. Por não terem memória imunológica para resistir às mais simples gripes, esses povos originários correm risco de serem dizimados caso sejam contaminados.

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