
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, entregou pedido de desligamento do cargo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, conforme informou em nota distribuída à imprensa na manhã deste domingo (16).
Em carta enviada a Guedes, Levy diz que: “Solicitei ao ministro da Economia, Paulo Guedes, meu desligamento do BNDES. Minha expectativa é que ele aceite. Agradeço ao ministro o convite para servir ao país e desejo sucesso nas reformas. Agradeço também, por oportuno, a lealdade, dedicação e determinação da minha diretoria”.
Levy agradeceu especialmente aos inúmeros funcionários do BNDES, “que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco, possibilitando que ele responda plenamente aos novos desafios do financiamento do desenvolvimento, atendendo às muitas necessidades da nossa população e confirmando sua vocação e longa tradição de excelência e responsabilidade”.
Com a demissão de Levy, Jair Bolsonaro já conta com 19 baixas no segundo escalão no governo. Também foram afastados três ministros, sendo o mais recente, Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo. Além dele, deixaram os cargos o titular da pasta de Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, e Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral.
Críticas e ameaça de Bolsonaro
O pedido de demissão de Levy se deu em função das feitas no sábado (15) pelo presidente Jair Bolsonaro, que ameaçou demitir Levy dizendo que estava “por aqui” com o chefe do banco, que estaria “com a cabeça a prêmio”. No momento das declarações do presidente.
Desde o início do governo, a relação entre os dois foi marcada por divergências. O episódio mais recente foi a escolha de Marcos Barbosa Pinto para a diretoria da área de Mercado de Capitais, do BNDES, responsável pelos investimentos do BNDESPar, braço de participações acionárias do banco de fomento, que administra carteira superior a R$ 100 bilhões.
Sua função seria tocar o programa de vendas de participações da BNDESPar, cuja velocidade vinha sendo considerada lenta. Segundo fontes, o principal empecilho era o tamanho da carteira do braço de participações. Por isso, a nomeação era vista pela diretoria como sinal de que o programa de venda de ações começaria a avançar. O banco tem fatias do capital de empresas como Petrobras, Vale e JBS. O presidente exigiu que Levy demitisse o diretor.
Na noite de sábado, Barbosa entregou uma carta de renúncia Barbosa Pinto entregou uma carta de renúncia ao cargo. Ele foi chefe de gabinete de Demian Fiocca, na presidência do BNDES, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também foi sócio na Gávea Investimentos, gestora de recursos fundada pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, e foi diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em entrevista sobre o assunto, Paulo Guedes disse que “é natural quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT”. Guedes lembrou que o presidente Bolsonaro apresentou como promessa de campanha abrir a caixa-preta do BNDES.
– Ninguém fala em abrir a caixa-preta e ainda nomeia um petista. Então, fica clara a compreensão da irritação do presidente. O grande problema é que Levy não resolveu o passado nem encaminhou uma solução para o futuro – disse.
Levy também participou de governos petistas. Foi secretário do Tesouro no governo Lula e ministro da Fazenda na gestão de Dilma Rousseff.


