Nas tribos indígenas jovens passam o dia vendo pornografia e deixam de caçar

Deu no New York Times. O jornal americano publicou reportagem, nesta quinta-feira (6), mostrando a rotina dos índios Marubos, no Vale do Javari, em Atalaia do Norte – 1.300 km de Manaus, capital do Amazonas – acessando a internet pelo celular. Com a chegada da Starlink, empresa de Elon Musk, o acesso à rede mundial alterou o cotidiano dos jovens da que passam o dia vendo pornografia e nas redes sociais.
Com a chegada da Starlink ao Brasil, em 2022, diversos locais remotos na Amazônia passaram a receber sinal de internet. Na região onde os marubos vivem, o sinal só chegou em abril deste ano. Agora, com a internet, eles perceberam que podem chamar ajuda emergencial de maneira rápida, algo que antes levava dias.
No entanto, o lado negativo da conectividade também se manifestou: o fácil acesso a conteúdo pornográfico levou alguns membros a compartilhar imagens obscenas e vídeos explícitos em chats em grupo. Os marubos falam sua própria língua e praticam rituais religiosos que incluem o consumo de ayahuasca, uma planta com propriedades alucinógenas.
Alfredo Marubo, um membro do grupo, revelou ao New York Times que essa súbita exposição à pornografia desencadeou comportamentos sexuais preocupantes entre os jovens habitantes locais. Enoque Marubo, uma das lideranças do grupo, relatou que o cotidiano mudou drasticamente no último mês, com os membros demonstrando menos interesse em trabalhar. “Mudou tanto a rotina que foi prejudicial. Na aldeia, se você não caça, pesca e planta, você não come”, disse ele na reportagem.
Outra liderança, TamaSay Marubo, observou que a chegada da internet afetou principalmente os jovens: “Quando a internet chegou, todos ficaram felizes, mas agora as coisas pioraram. Os jovens ficaram preguiçosos e estão adotando os costumes dos brancos”. Além do vício em pornografia, os marubos também relatam que muitos membros passam a maior parte do dia nas redes sociais, especialmente no Instagram.