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José Lopes e assessor são presos por receberem dinheiro desviado da saúde do AM

Empresário recebeu R$ 20 milhões de médico da Maus Caminhos em dois anos, diz PF


Empresário José Lopes
Foto: Divulgação


Três pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (30) durante a operação “Eminência Parda”, deflagrada pela Polícia Federal, suspeitas de receberem dinheiro desviado da saúde pública do Amazonas. A ação, que é um desdobramento da Maus Caminhos, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e sete mandados de bloqueio de valores que somam R$ 20 milhões.

Entre os presos, está o empresário José Lopes, principal alvo da operação “Eminência Parda”, desenvolvida desde as primeiras horas da manhã pela Polícia Federal em Manaus, Boca do Acre, no interior do Estado, e em Rio Branco, no Acre.

Além do empresário, também foram presos seu sócio e operador, José Cursino Monteiro Neto, e o cunhado dele, Gustavo Henrique Macário Bento, dono da GH Macário Bento, que tem contrato com o Governo do Estado.

O delegado da Polícia Federal Alexandre Teixeira contou que a operação visa apurar o pagamento de valores ao empresário, que seriam desviados do Instituto Novos Caminhos.

Leia também: Federais cumprem mandados de prisão em nova fase de operação ‘Maus Caminhos’
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“A investigação detectou que havia um repasse com a periodicidade aproximadamente mensal no valor de R$ 1 milhão e 40 mil. Esse valor era entregue em espécie e, de acordo com a periodicidade, essas entregas ocorreram durante dois anos. Então, é possível concluir que foram realizadas as entregas em torno de 20 vezes, talvez até mais, nesse mesmo valor”.

explicou o delegado

O delegado informou que o empresário morava no mesmo prédio que o médico responsável pelo instituto, Mouhamad Moustafa – citado diversas vezes durante a Operação Maus Caminhos. Segundo Teixeira, isso facilitava a entrega do dinheiro – que ocorria, de acordo com a polícia, desde 2014.

A defesa de Mouhamad Moustafa disse que as acusações são baseadas na delação de uma ex-assessora do médico. A advogada do médico informou ainda que “não identificou na delação a prova inconteste do que a mesma alega. Desta forma, a defesa de Mouhamad irá aguardar o devido processo penal para tomar ciência de quais provas estão sendo utilizadas para a referida imputação”.

Além disso, a investigação apurou a utilização de uma empresa por meio da qual eram desviados recursos públicos, o que configura crime de peculato. A outra hipótese é a lavagem de dinheiro por meio da firma, que seria controlada pelo pecuarista.

“Ele seria o beneficiário desses valores, com o auxílio do cunhado, também empresário, cuja a empresa era utilizada para o desvio conforme apontou a CGU: recebimentos de valores por essa empresa, na hipótese de serviços não prestados ou prestados com sobrepreço, quantidade ou valor. Por meio dessa empresa, também se apropriavam de recursos públicos vindos do Instituto Novos Caminhos sob a justificativa de um contrato de fornecimento de refeições para unidades administradas pelo Instituto Novos Caminhos”, contou.

Operação Vertex

O delegado da PF esclareceu ainda que, por mais que as prisões estejam ligadas ao desvio de dinheiro da saúde pública, as detenções não estão relacionadas à Operação Vertex – que prendeu a esposa do senador e ex-governador do Amazonas Omar Aziz, Nejmi Aziz, e três irmãos dele.

“Todas as operações são relacionadas com a Maus Caminhos, mas não quer dizer que tenham relação direta entre os presos. São inúmeros fatos dentro de um mesmo contexto. A partir daí, são instauradas investigações para apurar”, disse.

Operação Maus Caminhos

Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que desviava recursos públicos por meio de contratos firmados com o governo do estado para a gestão de três unidades de saúde em Manaus, Rio Preto da Eva e Tabatinga, feita pelo INC, instituição qualificada como organização social.

As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.

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