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Lava Jato: PF prende filho do ex-ministro, Edison Lobão

A ação deflagrada nesta terça-feira também investiga benefícios em mais de 40 contratos, com valor total de cerca de R$ 1 bilhão, celebrados pelas empresas Estre Ambiental, Pollydutos Montagem e Construção, Consórcio NM Dutos e Estaleiro Rio Tietê, afirmou o MPF.

Márcio Lobão, preso hoje em mais um desdobramento da Lava-Jato
Foto: Divulgação

A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira o filho do ex-ministro de Minas e Energia e ex-senador Edison Lobão, Márcio Lobão, por suspeita de recebimento de cerca de R$ 50 milhões em propina em obras da Transpetro, subsidiária de Petrobras, e da hidrelétrica de Belo Monte, em mais uma fase da operação Lava Jato, informou o Ministério Público Federal (MPF).

A propina teria sido paga pela Odebrecht e pelo Grupo Estre entre 2008 e 2014, com pagamentos em espécie realizados em escritório de advocacia no Rio de Janeiro ligado à família Lobão, de acordo com comunicado do MPF, que disse ter obtido depoimentos de colaboradores, registros de ligações e reuniões entre os investigados e registros em sistemas de controle de propinas.

Na época dos fatos, Lobão ocupava o cargo de ministro das Minas e Energia no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). De acordo com o MPF, a propina para o ex-ministro e para o filho foi repassada pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, em cinco entregas no escritório de advocacia que a nora mantinha com a família. Ainda de acordo com os procuradores da Lava-Jato, nas planilhas de propina da empreiteira Lobão era conhecido como “esquálido”.

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“As medidas cautelares cumpridas hoje também objetivam aprofundar possíveis operações de lavagem de dinheiro capitaneadas por Márcio Lobão”, disse o MPF em comunicado, acrescentando que no período foi possível verificar um incremento de patrimônio de Márcio Lobão superior a R$ 30 milhões.

“O esquema investigado inclui aquisição e posterior venda de obras de arte com valores sobrevalorizados, simulação de operações de venda de imóvel, simulação de empréstimo com familiar, interposição de terceiros em operações de compra e venda de obras de arte, e movimentação de valores milionários em contas abertas em nome de empresas offshore no exterior”.

Os procuradores acrescentaram que a operação também cumprirá mandados de busca e apreensão em endereços de galeria de arte e de agentes financeiros que atuavam perante bancos, a exemplo do Julius Bär, gerindo contas de Márcio Lobão no exterior.

Além da investigação que envolve a participação da empreiteira Odebrecht em fraudes na construção de Belo Monte, a ação deflagrada nesta terça-feira também investiga benefícios em mais de 40 contratos, com valor total de cerca de R$ 1 bilhão, celebrados pelas empresas Estre Ambiental, Pollydutos Montagem e Construção, Consórcio NM Dutos e Estaleiro Rio Tietê, afirmou o MPF.

Operação Galeria

A Polícia Federal acrescentou, em comunicado separado, que serão cumpridos no total 11 mandados de busca e apreensão e 1 mandado de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília no âmbito da operação Galeria, a 65ª fase da Lava Jato.

Procurado pela Reuters, o advogado do ex-ministro Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não tinha um posicionamento de imediato sobre a ação que envolve seu cliente, e disse apenas que não tem conhecimento de busca e apreensão contra ele. Não foi possível fazer contato de imediato com o advogado de Márcio Lobão. Márcio Lobão foi preso no Rio.

Edison Lobão foi ministro de Minas e Energia durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele também foi senador de fevereiro de 1995 até fevereiro deste ano.

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