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Lula deixa a cadeia e ataca Bolsonaro e Moro

Após 580 dias cumprindo sentença na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula deixou a Superintendência da PF, às 17h50 (16h50 de Manaus), desta sexta-feira (8), após o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão em 2ª instância, ontem (7). Lula saiu pela porta da frente, foi recepcionado por militantes e fez um discurso onde agradeceu e condenou o que chamou de “lado podre do Estado brasileiro”.

A cadeia parece ter feito bem a Lula. Aparentemente saudável e elegantemente vestido, ele assumiu um palanque instalado pela militância e discursou como nos velhos tempos com promessas, soluções para os problemas sociais, econômicos e políticos do país, além dos tradicionais ataques aos seus adversários. O alvo da vez foram o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro e o Ministério Público.

No velho estilo “Lulinha paz e amor ” ele incorporou o personagem e falou para seus seguidores das injustiças, de sentimentos, das mágoas e agradeceu aos seguidores, que sempre acreditaram na sua “inocência”:

“Vocês não tem dimensão do significado de está aqui com vocês. A vida inteira estive conversando com o povo brasileiro, eu não pensei que no dia de hoje eu poderia estar aqui. Durante 580 dias vocês ficaram aqui dando bom dia Lula, boa tarde Lula, boa noite Lula, não importa que estivesse chovendo, 40 graus, zero grau. Vocês eram o alimento da democracia que eu precisava porque o lado podre do Estado, da Justiça, da polícia brasileira fez comigo para tentar me criminalizar, incriminar o PT”, disse o ex-presidente.

Lula também falou que vai percorrer o Brasil em caravanas e criticou a atual situação brasileira, após “analisar” os dados do IBGE. Segundo ele, o país está passando fome e os empregos, depois que foi preso, são de entregador de pizza e motorista de Uber. O petista atacou o presidente Bolsonaro e fez outras declarações em tom de candidato em comício, apesar de continuar “Ficha Suja”e não poder participar do processo político nacional.

A saída de Lula foi rápida. O juiz federal Danilo Pereira Jr, da 12ª Vara Federal de Curitiba, atendeu ao pedido da defesa pela manhã desta sexta-feira. Ele cumpria pena no processo da Operação Lava Jato referente ao tríplex do Guarujá (SP), no qual está condenado a 8 anos, 10 meses e 20 dias de prisão pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Por volta das 11h desta sexta, após uma reunião entre o advogado Cristiano Zanin Martins e Lula na sala onde o petista está preso, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, a defesa do ex-presidente pediu à magistrada a soltura imediata dele. A petição se baseou na decisão tomada na quinta-feira 7 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu prisões de réus condenados em segunda instância para cumprir pena.

Por meio de sua conta no Twitter, Zanin escreveu ter sugerido a Lula que o pedido fosse feito imediatamente, “sem prejuízo de continuarmos a priorizar o HC da suspeição”. A defesa do petista tenta no STF anular o processo do tríplex do Guarujá alegando suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública. O habeas corpus está em análise pela Segunda Turma do Supremo.

Com a decisão do STF, Lula poderá recorrer em liberdade até que se esgotem todos os recursos aos tribunais superiores, o chamado trânsito em julgado. O STJ, que confirmou a condenação no caso do tríplex do Guarujá, analisa embargos de declaração movidos pela defesa do ex-presidente contra a sentença do tribunal.

Embora continue inelegível com base na Lei da Ficha Limpa, que barra candidaturas de condenados por tribunais colegiados, como os de segunda instância, Lula poderá atuar politicamente e “andar pelo país”, como dizem aliados.

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