
O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre corrupção, defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff, o MST e evitou comentar a sua politica internacional com relação as ditaduras durante a entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo, na noite desta quinta-feira (25). A sabatina provocou “panelaços” de protesto em várias cidades brasileiras.
A entrevista começou com um esclarecimento do jornalista Willian Bonner. Ele destacou que o petista não devia nada a Justiça e que o ex-juíz Sérgio Moro foi considerado parcial pelo Supremo Tribunal Federal e a Justiça de Curitiba julgada incompetente pelo STF. “Portanto, o Senhor não deve nada à Justiça”, deixou claro o apresentador.
Após a contextualização, o jornalista disse que “mesmo assim” houve currupção na Petrobrás e perguntou como ele faria para evitar que isso acontecesse novamente.
Como o tema já era aguardado por todos e o próprio candidato, Lula levou uma ‘colinha’ com a resposta pronta. Ele agradeceu a pergunta e disse que foi massacrado durante cinco anos. Falou que a corrupção só “aparece quando a gente permite” e descerrou seus feitos contra a corrução citando uma relação de dispositivos criados no seu governo para coibir a roubalheira.
Ele aproveitou para atacar a Lava-Jato, que teria provocado um prejuízo nas empresas e gerado desemprego no país por causa das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, além ter ter sido, considerada por ele, como uma ação política. “O objetivo era condenar o Lula”, disse falando na terceira pessoa.
“Os delatores ficaram ricos, ficaram com a metade do que roubaram. O roubo foi oficializado pelo Ministério Público”, afirmou.
Ainda falando sobre o tema corrupção, ele fez uma analogia entre a corrupção do PT e os decretos de 100 anos de sigilo praticada pelo atual governo Bolsonaro, onde, de acordo com a sua fala, esconde a corrupção.
Sobre o MST, disse que o movimento de invasões de terra não é mais o mesmo de 30 anos atrás. Agora o movimento trabalha em cooperativas e produz. “O MST não sei se você sabe mas está fazendo uma coisa extraordinária, tá cuidando de produzir. O MST é o maior produtor de arroz orgânico de todo o Brasil. O MST em tem várias cooperativas. Aquele de 30 anos atrás não existe mais”, garantiu.
Perguntado sobre Dilma, falou que foi uma presidente competente, mas que errou na política econômica de controlar os preços. No entanto não foi questionado pelos entrevistadores sobre declaração sua recente sobre “dar uma canetada” para controlar e baixar o valor do litro da gasolina.
Com relação a política externa, desconversou sobre suas relações com ditaduras como a Guatemala, Venezuela e Cuba. Afirmou que prefere não se meter na política interna e respeita a soberania de todos os países do planeta.
Agronegócio
“No seu governo a política agrícola contribuiu muito para o crescimento do agronegócio”, destacou a jornalista Renata Vasconcelos para falar em seguida que o setor não o apoia atualmente e perguntar se seria por causa do MST.
“É que toda a nossa política é em defesa da Amazônia, do Pantanal, da Mata Atlântica ou seja, a nossa luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós”, explicou.
Panelaços
Desde cedo, os internautas estavam se mobilizando no Twitter para programar o ato contra o petista ou mesmo se manifestar trocando de emissora durante a entrevista ao jornal.
Na cidade de São Paulo protestos aconteceram nas sacadas de edifícios de bairros como Santana (Zona Norte), Vila Leopoldina (Zona Oeste) e na Zona Sul. Manifestações também foram registradas nas cidades do Rio de Janeiro, Boa Viagem, Salvador, Distrito Federal, Santos, Porto Alegre, e Comboriú em Santa Catarina.
Na noite de segunda-feira, durante a entrevista de Jair Bolsonaro, também foram registrados “panelaços” em Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.