Cerca de 253 jornalistas saíram exilados da Nicarágua por razões de segurança ou foram banidos desde abril de 2018 pelo governo do ditador Daniel Ortega, de acordo com um relatório divulgado pela ONG Colectivo de Derechos Humanos Nicarágua Nunca Más, com sede na Costa Rica.
O relatório foi divulgado por ocasião do sexto aniversário da morte do jornalista Ángel Gahona, que foi baleado enquanto cobria manifestações contra o governo de Ortega.
– Desde 2018, pelo menos 253 jornalistas nicaraguenses deixaram a Nicarágua devido à perseguição e criminalização de seu trabalho por parte dos altos escalões da ditadura, como [vice de Ortega] Rosario Murillo, que frequentemente os descreve como terroristas – disse a ONG, formada por ativistas nicaraguenses no exílio.
A ONG lembrou que, em setembro de 2023, o chefe do Exército nicaraguense, Julio César Avilés, também desqualificou o trabalho dos profissionais de imprensa, chamando-os de “mercenários da informação”.
Por sua vez, o movimento Jornalistas e Comunicadores Independentes da Nicarágua (PCIN) disse que ao menos 56 veículos de comunicação foram fechados ou confiscados pelo governo sandinista desde o início da crise, incluindo o influente jornal La Prensa.
– Infelizmente, o ataque à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão pela ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo não parou – alertou o PCIN, também sediado na Costa Rica, em um comunicado.
Na nota, a entidade cobrou “o direito fundamental do povo nicaraguense à liberdade de expressão e de imprensa, que são essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade justa e democrática”.
Outras reivindicações são “a implementação de medidas de proteção para jornalistas, evitando futuros ataques e ameaças contra eles”, e que a comunidade internacional continue a apoiar a imprensa independente, além de condenar as violações dos direitos humanos.
Na última sexta-feira (19), a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) advertiu que a violência do governo Ortega contra os jornalistas nicaraguenses se intensificou, incluindo o roubo de suas casas, o fechamento de suas contas bancárias e ataques a suas famílias.
A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, que se acentuou após as polêmicas eleições gerais de 7 de novembro de 2021, nas quais Ortega, que está no poder desde 2007, foi reeleito para um quinto mandato – o quarto mandato consecutivo – enquanto seus principais concorrentes estavam na prisão ou no exílio.