
Com base em dados da PNAD Contínua (IBGE) e em modelagem elaborada pelo Brasil em Mapas, estima-se que 90,7% da população ocupada do Amazonas tenha rendimento mensal igual ou inferior a R$ 5 mil.
O número coloca o estado entre os de maior concentração de renda nas faixas mais baixas, superando a média nacional de 84%.
O coeficiente de Gini estadual — indicador de desigualdade — está em 0,52, um dos mais altos do país.
Essa combinação revela que o Amazonas possui uma base ocupacional fortemente concentrada em rendas baixas, com pequeno contingente de trabalhadores acima da média nacional.
Especialistas apontam que parte dessa estrutura se explica pela forte presença do setor público e pela dependência do Polo Industrial de Manaus (PIM).
Enquanto os empregos formais de maior remuneração se concentram em funções técnicas e de gestão dentro do PIM, a ampla maioria dos trabalhadores atua em comércio, serviços e logística, com rendimentos que variam entre R$ 1.500 e R$ 3.000.
Segundo economistas locais, o modelo industrial incentivado contribui para manter o nível de emprego, mas não eleva de forma significativa os salários médios, sobretudo fora da capital.
Desigualdade de renda entre capital e interior
A desigualdade também apresenta forte componente territorial. Em Manaus, a renda média domiciliar per capita é cerca de 60% superior à do interior do estado.
Municípios do Alto Solimões, Médio Amazonas e Baixo Rio Negro registram médias abaixo de R$ 1.200 mensais, enquanto bairros centrais da capital ultrapassam R$ 4.000. Essa discrepância reforça a concentração de oportunidades e de renda na região metropolitana.
O Amazonas está alinhado a outros estados da região Norte — como o Pará (87,2%) e Roraima (81,5%) —, onde a grande maioria dos trabalhadores também ganha até R$ 5 mil.
No extremo oposto, estados como São Paulo (67,5%) e o Distrito Federal (48,1%) apresentam as menores proporções, refletindo maior presença de profissionais com remunerações mais elevadas.
Para reduzir a desigualdade de rendimentos, especialistas defendem políticas de diversificação econômica, incentivo à formação técnica e superior e melhoria da infraestrutura logística, medidas que poderiam integrar o interior às cadeias produtivas e reduzir a concentração de renda na capital.
Enquanto isso, o dado de que apenas 1 em cada 10 trabalhadores amazonenses ganha mais de R$ 5 mil por mêspermanece como um retrato eloquente das distorções históricas da economia regional.