Nas ruas da cidade, é comum observar pessoas sem máscaras, aglomeradas e com frase pronta de que não precisam se proteger pois Deus as livrará da doença.

A cidade de Manacapuru registrou até a noite de terça-feira (19), 246 mortes em decorrência da infecção pelo novo coronavírus. O município tem a maior mortalidade média por covid-19 no estado, de 222 por cada 100 mil habitantes. Para piorar o que já é caótico, Manacapuru enfrenta falta de oxigênio.
Na quinta-feira (14), o hospital de campanha de Manacapuru viveu uma madrugada de falta de oxigênio — com recorde de mortes. https://portalvoce.com/manacapuru-tem-recorde-de-mortos-e-oxigenio-no-fim/
Localizada a 100 quilômetros de Manaus, 95 mil habitantes vivem às margens do rio Solimões na cidade de Manacapuru e em situação dramática por causa da pandemia. A cidade luta contra as próprias limitações para tratar os doentes com um hospital de campanha superlotado, sem leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e sem a possibilidade de conseguir transferir pacientes para a capital.
Cotidiano é sem máscara e isolamento –
Nas ruas da cidade, é comum observar pessoas sem máscaras. Um discurso ouvido por repetidas vezes pela equipe de reportagem que esteve no município na sexta-feira é o de pessoas alegando que não precisam se proteger por terem fé de que Deus as livrará da doença.
A atitude fervorosa, no entanto, acaba fazendo com que muitas destas pessoas não tomem o mínimo de cuidado necessário. Ao redor do porto, pessoas comiam e confraternizavam sem qualquer tipo de proteção.
Na Feira da Liberdade, um dos pontos mais conhecidos da cidade, é possível ver barracas abertas e movimentação reduzida. “Depois que aconteceu a pandemia, o nosso faturamento caiu 66%”, disse o vendedor de pão, Francisco Silva, 47.
Outro responsável pela redução do movimento é o decreto que proíbe o transporte de passageiros intermunicipal e interestadual. Gelson Cordeiro, 42, funcionário de um posto fluvial conta que o movimento reduziu de 85 a 90%.