
Os vereadores de Manaus recebem mais de 11,9 vezes a renda média da população local e colocam a capital amazonense no terceiro lugar do ranking nacional de disparidade salarial entre parlamentares e cidadãos. O Índice de Disparidade Salarial (IDS) da cidade (11,9) só é menor que o de Rio Branco (12,6) e Salvador (12,1).
O levantamento foi realizado pela associação civil Livres, que promove curadoria de políticas públicas. A pesquisa mostra ainda que 25 das 26 capitais brasileiras apresentam IDS ao menos três vezes maior que o dos vereadores de Nova York (EUA).
O IDS mede a distância entre o salário dos vereadores e a renda domiciliar per capita da população que eles representam. O cálculo divide a remuneração bruta mensal dos parlamentares pela renda domiciliar per capita, de acordo com a PNAD Contínua do IBGE (2023).
O estudo analisou salários brutos dos vereadores das 26 capitais e cruzou os dados com a renda da população urbana local. A maior parte das câmaras municipais já aprovou reajustes para 2025, o que indica que a disparidade tende a crescer.

Mesmo em capitais mais ricas, como São Paulo (IDS 5,5) e Curitiba (IDS 5,8), a desigualdade continua elevada, expondo a distância entre legisladores e cidadãos.
“A desigualdade não é novidade no Brasil, mas os dados mostram que o setor público aprofunda as distorções. O IDS revela um problema estrutural e simbólico de representatividade”, afirmou Magno Karl, diretor-executivo do Livres.
Enquanto em democracias desenvolvidas há limites proporcionais, no Brasil não há teto vinculado à realidade econômica local, permitindo que vereadores em cidades com baixa renda tenham salários muito acima da média da população.
Propostas para conter a disparidade
O Livres sugere medidas para conter a desigualdade: criação de um teto proporcional à renda do município, conselhos independentes para definir salários, fim da indexação automática entre poderes, mais transparência sobre benefícios e adoção do IDS como indicador oficial de justiça institucional.
“Não se trata de demonizar o serviço público, mas de exigir coerência e responsabilidade. A remuneração do vereador precisa fazer sentido diante da realidade econômica da cidade que ele representa”, reforçou Karl.
Confira o estudo na íntegra: