Portal Você Online

Manaus não aparece entre 10 melhores em qualidade de vida

Fora do top 10. Manaus, a capital amazonense, não figura entre as melhores capitais brasileiras em qualidade de vida, de acordo com o novo Índice de Progresso Social (IPS), divulgado nesta quinta-feira (29). O ranking é liderado por Curitiba (PR), seguida por Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG) — todas com índices acima da média nacional, que é de 61,9 pontos.

O IPS avalia 5.570 municípios com base em 57 indicadores sociais e ambientais, agrupados em três eixos: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e acesso a oportunidades. Manaus ficou fora do pelotão de frente por um motivo conhecido: seus gargalos históricos em saneamento, mobilidade urbana, educação básica e desigualdade socioeconômica.

Em um ranking que não mede PIB nem crescimento populacional, mas sim qualidade de vida real, a capital do Amazonas aparece atrás de cidades que conseguiram equilibrar crescimento com políticas públicas mais eficientes. Enquanto isso, Maceió (AL), Macapá (AP) e Porto Velho (RO) aparecem como as piores capitais do país para se viver.

Dados que vão além do óbvio

A edição 2025 do IPS incorporou novos indicadores que aprofundam a análise da vulnerabilidade social no país. Foram adicionadas variáveis como consumo de ultraprocessados, tempo de resposta a benefícios previdenciários, tempo de resposta a processos familiares, índice de vulnerabilidade das famílias e número de famílias em situação de rua — dados que pesam especialmente em regiões como o Norte e o Nordeste, onde o acesso a políticas públicas é historicamente mais frágil.

Manaus, apesar de seu peso regional, ainda enfrenta um modelo urbano excludente, com bairros inteiros desassistidos e populações periféricas que vivem em condições precárias de habitação, transporte e atendimento de saúde.

As capitais no topo

Curitiba, com nota 69,89, lidera o ranking graças ao investimento contínuo em mobilidade urbana, educação pública de qualidade e sustentabilidade. Campo Grande, com 69,63, surpreende pelo equilíbrio entre crescimento e qualidade de serviços públicos. Brasília (69,04), além da concentração administrativa, colhe os frutos de décadas de investimento em urbanismo. São Paulo (68,88), mesmo com seus problemas de desigualdade, oferece o maior acesso a oportunidades. E Belo Horizonte (68,22) fecha o top 5 com bons indicadores em saúde e segurança.

Enquanto isso, a capital amazonense não consegue traduzir sua relevância econômica e geopolítica em bem-estar. A ausência de um sistema de transporte público funcional, a precariedade no saneamento básico e a alta taxa de informalidade impactam os indicadores sociais.

O que é o IPS?

O Índice de Progresso Social Brasil (IPS Brasil) é uma iniciativa de múltiplas instituições, entre elas o Imazon, a Fundação Avina, a iniciativa Amazônia 2030, o Centro de Empreendedorismo da Amazônia e a plataforma internacional Social Progress Imperative. É um índice que não considera indicadores econômicos, mas sim fatores sociais e ambientais, apontando com mais precisão onde está o bem-estar — e onde ele falta.

As fontes incluem dados do DataSUS, CadÚnico, IBGE, MapBiomas, Anatel e outros sistemas públicos. Cada dado passa por processos estatísticos de verificação, normalização e aplicação de pesos.

O que é o IPS Brasil?

O Índice de Progresso Social (IPS) é uma ferramenta que mede, com base em dados públicos, o quanto as pessoas têm acesso ao que realmente importa para viver com dignidade. Vai além do PIB: avalia moradia, saúde, educação, segurança e igualdade — tudo com foco no bem-estar real da população.

No Brasil, o IPS analisa todos os 5.570 municípios, combinando 57 indicadores sociais e ambientais em uma escala de 0 a 100. Ele é dividido em três grandes áreas: Necessidades Básicas, Bem-Estar e Oportunidades.

Destaque regional: O IPS Amazônia, pioneiro no mundo, foca nos 772 municípios da Amazônia Legal e adapta os indicadores à realidade local.

Comparação global: Já o IPS Global, com dados de 170 países, coloca o Brasil em 55º lugar no ranking de progresso social em 2025.

Um chamado à responsabilidade

A ausência de Manaus entre as dez capitais com melhor qualidade de vida aponta para a urgência de repensar as prioridades do debate político local. É preciso tirar do papel agendas de longo prazo que garantam educação infantil de qualidade, atendimento médico digno e políticas habitacionais sustentáveis para quem vive nas periferias.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *