
A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), promoveu, nesta segunda-feira (29), uma ação alusiva ao Dia Mundial contra a Raiva. A programação aconteceu na Unidade de Saúde da Família (USF) Rosa Almeida, bairro Morro da Liberdade, zona Sul, com atividade educativa direcionada para a prevenção à raiva humana e os cuidados necessários em caso de agressão por animais que podem transmitir a doença para o ser humano.
Em 2025, o programa de Profilaxia e Controle da Raiva Humana, coordenado pela Semsa, já realizou 6.644 atendimentos, entre pessoas que procuraram uma unidade de saúde por casos de agressão por animais domésticos (cães e gatos) ou silvestres, e profilaxia de pré-exposição para alunos e profissionais da área de veterinária. Do total de casos, 4.657 foram por agressão de cães e 1.435 por gatos.
A chefe de Núcleo de Controle de Doenças de Notificação Compulsória e Agravos Imunopreveníveis da Vigilância Epidemiológica da Semsa, Sulamita Maria da Silva, explica que a profilaxia em casos de agressão por animais que são potenciais transmissores da raiva é uma das estratégias para reduzir o risco de ocorrência da doença no ser humano.
“O último registro de casos de raiva humana em Manaus ocorreu em 1985, mas o Brasil registrou 32 casos de raiva humana entre 2017 e 2025, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Se o vírus da raiva continua em circulação, com casos em animais e seres humanos em outros municípios e Estados, há chances de registro de novos casos em Manaus. Por conta desse risco permanente, a Semsa mantém o monitoramento e disponibiliza a profilaxia em 19 unidades de saúde na rede municipal”, informa Sulamita Silva.
O Programa de Profilaxia e Controle da Raiva Humana foi implantado em Manaus em 2016 e é desenvolvido em 19 unidades de saúde com equipes capacitadas para a execução das ações. Além do controle da doença em caninos e felinos domésticos a partir da vacinação antirrábica animal, o programa preconiza o tratamento profilático em casos de acidentes ou contato com animais potencialmente transmissores.
De acordo com Sulamita Silva, a profilaxia envolve procedimentos que irão reduzir o risco de que o paciente desenvolva a doença, considerando a possibilidade do animal agressor ter o vírus da raiva.
As medidas de profilaxia indicadas dependem da espécie do animal agressor, da possibilidade ou não de observação desse animal, e da indicação de vacinação e aplicação de soro antirrábico.
O programa também preconiza o atendimento de profilaxia de pré-exposição para alunos e profissionais da área de veterinária. “São pessoas que estão mais expostas ao risco pela atividade que exercem no contato com animais”, explica Sulamita.
Raiva
A raiva é uma zoonose causada por um vírus que atinge o sistema nervoso central, transmitida por mamíferos, sendo geralmente letal. Os principais transmissores são animais domésticos, cães e gatos, e os animais silvestres, principalmente morcegos e macacos.
É caracterizada como uma encefalite progressiva e aguda, podendo ser transmitida dos animais para o ser humano por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura de mamíferos contaminados pelo vírus.
“Em caso de uma possível agressão ou acidentes com animais que podem transmitir a raiva, a pessoa deve procurar uma Unidade de Saúde para avaliação e encaminhamentos necessários. Para que a profilaxia tenha eficácia necessária, é importante que seja feita o mais rápido possível, após o contato com o animal agressor, garantindo que o tratamento seja realizado em tempo oportuno”, alerta Sulamita Silva.
Em 2024, o programa de profilaxia atendeu 7.447 pessoas em Manaus, tendo registro de 5.384 envolvendo agressão por cães, 1.382 por gatos, 55 por morcegos, 56 por primatas (macacos) e 15 por outras espécies.
Durante a atividade educativa na USF Rosa Almeida, que incluiu educação em saúde e uma caminhada para conscientizar os moradores, a enfermeira Luciana Feliz Paes, técnica do programa de Profilaxia e Controle da Raiva Humana do Disa Sul, explicou que a zona Sul de Manaus conta com quatro unidades de saúde de referência para atender a população que demanda os serviços de profilaxia.
“As demais unidades de saúde também recebem o paciente em um atendimento inicial, fazem o acolhimento, verificam se já foi feita a limpeza do ferimento com água e sabão. Se não tiver sido feito, providenciam a limpeza imediatamente e encaminham o paciente para a unidade de saúde de referência”, esclareceu Luciana Paes.
A enfermeira explicou que na unidade de saúde de referência, um profissional de saúde avalia o caso para determinar a conduta do tratamento. Se necessário, o paciente é encaminhado para tomar a vacina na unidade de saúde ou, se houver indicação para soroterapia, é encaminhado para a Fundação de Medicina Tropical (FMT)
De acordo com Luciana Paes, as vacinas são indicadas quando a agressão envolve animais que não podem ser observados. No caso de cães e gatos domésticos, é possível observar o animal por dez dias para verificar se apresenta sintomas da doença. Durante esse período, a unidade de saúde monitora o animal por meio de ligações telefônicas ou visitas domiciliares realizadas por agentes comunitários de saúde. Se o animal permanecer saudável, o paciente recebe alta a partir do 11º dia.
“Já nos casos de agressão por animais silvestres ou cães e gatos que não podem ser observados, como os que vivem na rua, é aplicada a vacina. Além disso, nos casos de animais silvestres, é administrado também o soro antirrábico. Para casos de agressão envolvendo cães e gatos de rua, a administração de soro depende da gravidade e localização do ferimento”, acrescentou a enfermeira.
O aposentado Darvin Menezes Filho, 73 anos, morador do bairro Morro da Liberdade, é atendido na USF Rosa Almeida e aponta que o mais importante é manter o cuidado com a saúde dos animais.
“Gosto de cachorro e tenho dois em casa. Mas, sempre tive cachorro sadio, vacino sempre para prevenir contra as doenças. O animal às vezes tem aquele momento, não reconhece, pode avançar, e é importante ter esse cuidado. Se você tem cachorro e não tem cuidado, não adianta”, aconselhou Darvin Menezes.
Mais informações sobre o Programa de Profilaxia e Controle da Raiva Humana podem ser obtidas no site da Semsa (www.manaus.am.gov.br/semsa).