Manaus teve uma incidência de 4,78 casos a cada 100.000 habitantes, estando 15% dos novos casos já no grau II de incapacidade física, a fase mais avançada da doença

Doença milenar conhecida por afetar a pele e os nervos, a hanseníase hoje tem cura, que é mais fácil e rápida quanto mais cedo a infecção for identificada e tratada. Visando fortalecer o diagnóstico precoce e a conscientização sobre a doença, a Prefeitura de Manaus promove a campanha “Janeiro Roxo”, com a ampliação da oferta de exames e ações de busca ativa e de educação em saúde nas unidades da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
Como parte da mobilização, as unidades da rede municipal de saúde vão ampliar a oferta de exames dermatológicos e promover palestras e rodas de conversa com usuários sobre a hanseníase, seus sintomas e tratamento.
As ações de busca ativa de novos casos e testagem de contatos também terão reforço durante a campanha, que será aberta oficialmente na terça-feira (9), na clínica da família Carmen Nicolau, no bairro Lago Azul, zona Norte.
A técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, Eunice Jacome, assinala a importância de se ampliar a visibilidade da doença entre a população e estimular o diagnóstico precoce.
Ressalta ainda como novidade nas ações de prevenção, a oferta do teste rápido na detecção de anticorpos da hanseníase na rede básica de saúde. Voltado a pessoas consideradas contatos de casos novos da doença, o exame foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado e, desde dezembro, está disponível em sete unidades de referência da rede municipal.
A testagem estará disponível inclusive aos sábados e domingos na clínica Carmen Nicolau, que é uma das sete unidades de referência, ao lado da Carlson Gracie (zona Norte); Senador Severiano Nunes e Lago do Aleixo (zona Leste); Lúcio Flávio (zona Sul); e Leonor de Freitas e Lindalva Damasceno (zona Oeste).
Doença e fluxos
Causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae), a hanseníase é uma doença infecciosa crônica, transmitida por meio de secreções nasais, tosses ou espirros de pessoas infectadas.
Os sintomas iniciais surgem após um período de 2 a 7 anos da contaminação, e incluem manchas na pele, em geral com alteração de sensibilidade; redução da força muscular; dores nas articulações; ressecamento do nariz e dos olhos; inchaço nas mãos e pés, entre outros.
Em casos suspeitos, o usuário é encaminhado a um médico da unidade, que dará o diagnóstico, com o apoio de especialistas do Núcleo de Controle da Hanseníase, quando necessário.
“Antes, os casos suspeitos eram encaminhados para o dermatologista via Sisreg (Sistema de Regulação). Desde 2021 nós fazemos esse diagnóstico, e agora o paciente é acompanhado e tratado na própria unidade, em boa parte dos casos”, relata.
Com esse matriciamento de casos na rede básica, a Semsa hoje acompanha 35% dos casos em suas unidades; antes, o percentual era de 15%.
O tratamento da doença é gratuito e inclui antibióticos específicos, administrados por um período de 6 a 12 meses. A primeira dose elimina os bacilos e interrompe a transmissão.
Programação
A abertura oficial da campanha “Janeiro Roxo” da Semsa ocorrerá na terça-feira (9), na clínica Carmen Nicolau, mas as atividades já iniciaram nas unidades de saúde da pasta, com a oferta de exames dermatológicos e a realização de palestras e rodas de conversa com os usuários com enfoque na hanseníase.
A ação abrange ainda a aplicação de questionários de suspeição de hanseníase (QSH), que iniciou ainda no último dia 18 de dezembro, e segue até o próximo dia 12 de janeiro, em bairros mapeados pela secretaria, com maior incidência de casos. Os questionários são voltados principalmente para os contatos de pessoas diagnosticadas com a doença.
A Semsa promove o “Janeiro Roxo” em parceria com a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham) e o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Em conjunto com este último, a secretaria realiza uma caminhada no bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona Leste, no dia 31 de janeiro , marcando o encerramento da mobilização.


