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Manaus teria 982 mil infectados e perto de atingir a imunização da população

Capital amazonense já estaria fora do pico e com quase metade da população com o vírus, 45%, e próximo dos 61% considerados para a imunização pelas autoridades de saúde. É o que diz uma análise de dados de instituição britânica, referência em covid-19, pelo economista amazonense Denis Benchimol Minev

Análise atualizada, com base em estudos do Imperial College London, referência sobre Covid-19, revela que o volume de óbitos em Manaus acima do normal foi de 2.755 entre 6 de abril e 13 de maio, o equivalente a 0,126%. E que o pico da covid-19 teria sido nesse período e, atualmente, o volume de contaminados na cidade estaria em 982 mil – 120 mil ativos -, cerca de 45% da população infectada, próximo dos 61% considerados pelas autoridades de saúde para a imunização.

“Após ler os estudos do Imperial College London, suspeito que Manaus será a primeira cidade de porte no mundo a atingir imunidade populacional (herd immunity). Não vi nenhum caso de cidade com 45% de infectados. Mas é só uma estimativa, e posso estar errado”, avalia o autor da análise que encomendou o estudo, o empresário Denis Benchimol Minev, que publicou no seu Linkedin.

“Não encontrei nenhum caso de local onde a queda de óbitos tenha sido tão grande quanto em Manaus. Por isso suspeito que a situação aqui é bem diferente, de parte significativa da população já imune”, explica o economista que é diretor-presidente do grupo Bemol e co-fundador e conselheiro da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

Pela leitura de Minev, o pico foi no final de abril. “Tivemos então uma semana (do dia 23 ao dia 29 de abril) quando enterramos em Manaus 1.051 pessoas. Na última semana (10 a 16 de maio), enterramos 525 pessoas”. 

No estudo, Minev leva em conta que Manaus é uma cidade com perfil etário mais jovem – apenas 0,8% da população acima de 80 anos, a Itália tem mais de 6%. A queda brusca de óbitos e enterros também sustentam a análise do empresário, assim como o isolamento social pode ter contribuído para esse resultado – depois do fechamento de 4 de Abril, o R0 (Número Básico de Reprodução) cai rapidamente, saindo de 2,59 em 26 de março para, 0,82 em 24 de Abril. A estimativa é que o número de mortes chegue a 4 mil.

“O normal seria enterrar algo como 199 pessoas por semana, então ainda estamos muito acima do normal, mas já passou o pico. Estimo que entre os dias 17 de maio e 6 de junho ainda teremos entre 650 e 750 óbitos acima do normal.  Ainda vamos conviver com a doença e com mortes por bastante tempo”, afirma Minev.

Ele, porém, enfatiza que “todos devem continuar tomando cuidados, principalmente os mais idosos e o de máscara e o distanciamento social devem conviver conosco daqui para frente”. 

Redução de atendimento e mortes

O estudo pode estar revelando uma ponta de realidade com algumas mudanças recentes no quadro da covid-19 na capital amazonense, que geram otimismo nos mais pessimistas. Nos últimos dias, houve uma queda na ocupação de leitos nas principais unidades de atendimento de coronavírus no sistema público de Manaus.

Fotos e vídeos gravados por profissionais de saúde mostram enfermarias e salas rosas para pacientes com o vírus vazias nos pronto-socorros João Lúcio, 28 de Agosto e no SPA do bairro do Alvorada, no último fim de semana. Mas de acordo com a Secretaria de Saúde, as salas vermelhas e UTIs ainda estão com alta ocupação.

O número de óbitos também caiu. O último boletim funerário da Semasc, secretaria municipal responsável pelos cemitérios de Manaus, registrou 65 enterros. Entre as causas de morte, nove pessoas tiveram no atestado a confirmação para Covid-19 e duas como suspeitas.

Outras 10 ocorrências foram registradas como causa desconhecida ou indeterminada, 10 por síndrome ou insuficiência respiratória ou ainda parada cardiorrespiratória. Os números de casos diários e de óbitos dos boletins informativos diários atualizados pela Fundação de Vigilância e Saúde, também demonstram isso. (Veja os últimos dados da FVS/AM).

Denis Benchimol Minev é um executivo com experiência pública, privada e no 3º setor, tem o foco em finanças e tecnologia de informação. Ele é co-fundador de ONGs com ênfase em alívio à pobreza e conservação ambiental. 

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