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Manifestação em frente ao CMA entra no quarto dia, em clima de festa em Manaus

A manifestação contra a eleição de Lula para presidente e pela intervenção federal já dura quatro dias em frente ao Comando Militar da Amazônia, na Avenida Coronel Teixeira, na Ponta Negra, bairro nobre e uma das áreas mais valorizadas, na Zona Oeste de Manaus.

O ato começou com algumas pessoas portando bandeiras e faixas, na última terça-feira à noite (1), ganhou corpo com a presença de aproximadamente cinco mil pessoas no feriado de Finados, no dia 2, e ganhou uma estrutura que sinaliza um prolongamento por mais tempo do protesto.

Os manifestantes se revezam 24h, virando a madrugada, com um “paredão automotivo” – um pequeno reboque engatado num carro com potentes caixas de som – que tem tirado o sono dos moradores das proximidades.

De ontem para hoje (4), o evento tem tido um efeito sanfona, aumentando e reduzindo o número de particpantes em determinados horários, sempre embalados por uma trilha sonora com o hino nacional, cânticos militares, além de músicas exaltando o patriotismo e o nacionalismo. O som parou hoje, às 4h e voltou às 6h.

Além do som alto, caminhoneiros e carros particulares passam, reduzem a velocidade, tiram foto, buzinam repetidamente aumentando os decibéis na área e deixando o trânsito lento, mas fluindo. Pela manhã, agentes de trânsito controvam a passagem de veículos e carros da PM acompanhavam a movimentação.

Motoristas de ônibus que trafegam pela região reclamam que as viagens que duravam 1h50, agora são feitas em 3h. “Passo quatro vezes por dia por aqui e tenho perdido até a minha hora do almoço”, disse um motorista da linha 542, que apesar da reclamação afirmou que votou em Bolsonaro.

Moradores dos condomínios próximos reclamam do barulho, mas alguns estenderam bandeiras brasileiras, camisas verde e amarelas nas janelas e varandas. Muitos desceram dos apartamentos para participar da manifestação.

Banheiros químicos foram instaladas e barracas de camping armadas o atendimento de mães, crianças, idosos. A limpeza do ambiente também é feita com o recolhimento em sacos de lixo.

A multidão concentrada tem algo em comum: não aceita a volta do PT e Lula ao poder e parece não abrir mão da ideia extrema de Intervenção Federal – situação prevista na Constituição apenas em situações de conflito armado, invasão estrangeira ou seja em casos de guerra.

“É o pior que pode acontecer”, diz o técnico de segurança eletrônica, Michael Sampaio, de 31 anos, que estava em uma das barracas servindo água mineral. Ele mora no Centro de Manaus e está ‘virado’ sem dormir desde quarta-feira (2).

Algumas pessoas trabalham na coordenação do recebendo as doações que são deixadas. “Chegou um carro e deixou 90 peças de picanha. Toda hora passa alguém e deixa caixas de água, linguiça, refrigerantes. A gente só organiza e checa pra ver se tem se tem alguma adulteração, se está lacrada e distribui”, disse um dos reponsáveis. “Não temos previsão para sair”, concluiu.

Pelo sistema de som também é feito um serviço de perdidos e achados com o anúncio de telefones celulares e carteiras com documentos e dinheiros encontrados durante a movimentação no local. O microfone também é aberto aos participantes, de crianças de 10 anos, a idosos, pastores e quem quiser falar, a tribuna é livre. O tema é o mesmo.

Além da rejeição petista e política, o ato tem ainda um conteúdo religioso. Muitos falam de Deus e misturam o caldo de diversidade dos manifestantes (veja o vídeo abaixo).

Ontem (3), o presidente do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, condenou os atos e chamou os manifestantes de criminosos e que vai responsabilizar criminalmente os grupos.

Tudo isso acontece na calçada da frente do CMA, de forma pacífica, mas que de alguma forma altera a rotina do QG do Exército Brasileiro em Manaus.

O portão principal do Comando Militar da Amazônia está fechado desde o feriado e os militares tem utilizado uma entrada alternativa lateral para chegar ao trabalho. Procurado, o CMA ate o momento não se manifestou.

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