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MapBiomas: Amazônia concentra 36% das pastagens no Brasil

A Amazônia concentra 59 milhões de hectares destinados a pastagens, o que representa 36% de todas as áreas utilizadas para esse fim no Brasil.

Em quatro décadas, o bioma perdeu 14% de sua área original para pastagens, conforme o relatório divulgado pelo MapBiomas nesta sexta-feira (6).

O levantamento destaca que a Amazônia é o bioma mais pressionado pela expansão da pecuária, seguida pelo Cerrado, que possui 51 milhões de hectares de pastagens (31%).

De acordo com os dados, o crescimento da pastagem na Amazônia acompanha o avanço da agropecuária em todo o país.

No total, as áreas de pastagem no Brasil aumentaram 79% entre 1985 e 2023, saltando de 92 milhões para 164 milhões de hectares.

A maioria das pastagens da Amazônia foi instalada há menos de 30 anos, o que indica uma tendência de desmatamento mais recente em comparação com outros biomas.

Além de concentrar a maior área absoluta de pastagens, a Amazônia e o Cerrado, juntos, são responsáveis por dois terços (67%) de todas as pastagens do Brasil.

Segundo o relatório, a pressão sobre esses biomas reflete o uso intensivo de suas terras para a criação de gado, atividade que, historicamente, ocupa vastas extensões de áreas desmatadas.

Cultivo de soja na Amazônia

Além das pastagens, o cultivo de soja também avança sobre a Amazônia. Em 2023, o bioma registrou 5,9 milhões de hectares ocupados pela monocultura do grão, consolidando-se como o terceiro bioma com maior área destinada à soja, atrás do Cerrado (19,3 milhões de hectares) e da Mata Atlântica (10,3 milhões de hectares).

Entre 2009 e 2023, a soja avançou 2,8 milhões de hectares sobre áreas de vegetação nativa na Amazônia, enquanto outros 6,1 milhões de hectares foram convertidos de pastagens para o cultivo do grão.

Segundo os pesquisadores, a substituição de pastagens pela soja está ligada à maior rentabilidade da monocultura, que oferece retorno financeiro mais rápido aos produtores.

“A soja é preferência em relação à criação de gado porque dá resultados mais rapidamente. Nisso reside o elemento econômico que justifica aos empresários a aposta nas commodities”, explica Eliseu Weber, pesquisador do MapBiomas.

Cenário nacional

No Brasil, a área destinada à soja cresceu quase nove vezes em menos de quatro décadas, passando de 4,4 milhões de hectares em 1985 para 40 milhões de hectares em 2023. Esse número equivale ao território do Paraguai e representa 14% de toda a área agropecuária do país.

O Cerrado lidera como o bioma com maior área de cultivo da soja, com 19,3 milhões de hectares, enquanto o Pampa se destaca como o mais impactado proporcionalmente, com 21% de seu território ocupado pela monocultura.

A falta de políticas de conservação agrava a situação de biomas como o Pampa, que cobre apenas 2,5% do território brasileiro.

“O Pampa é 2,5% do país e dois terços dele já se foram”, afirma Weber.

O relatório também aponta que, no Brasil, as áreas de pastagem cobrem 164 milhões de hectares, representando 60% de toda a área agropecuária.

A Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica são os biomas com maior proporção de suas áreas ocupadas por pastagens, com 27%, 26% e 26%, respectivamente.

A expansão da agropecuária no Brasil, particularmente na Amazônia e no Cerrado, levanta debates sobre os impactos ambientais e a sustentabilidade do setor.

Com o avanço da soja e das pastagens, esses biomas enfrentam desafios crescentes para equilibrar a produção econômica e a conservação ambiental.

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