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Marcelo Odebrecht revela que pagamentos por fora sempre foram uma prática da empresa

Marcelo: “pagamentos não eram somente durante as eleições”

Preso por dois anos e cinco meses em Curitiba, condenado a mais de 30 anos de cadeia por corrupção, o engenheiro Marcelo Odebrecht, hoje com 51 anos, virou o símbolo da Operação Lava-Jato. Morando em São Paulo, ele deu entrevista ao jornal carioca O Globo, onde revelou que o esquema de propina era uma prática que vem desde os anos 80, onde “os fins justificavam os meios”.

Nunca antes um empresário tão poderoso havia sido alvo de uma ação tão dura. Mesmo com limitações para falar por conta dos processos em andamento e em meio à disputa familiar sobre o futuro do grupo, Marcelo disse na entrevista que a Odebrechet tinha a prática de fazer pagamentos não contabilizados — não apenas para campanhas eleitorais. Ele também falou do seu papel na “conta italiano”, como ficou conhecido o ex-ministro Antônio Palocci, exclusiva de recursos para o PT e o Instituto Lula.

Marcelo confessou que “sempre fomos tolerantes com o caixa dois. A crença de que os fins justificam os meios foi um grande pecado”, afirmou em tom de arrependimento o empresário.

Ao se referir sobre as informações da Lava-Jato de que haveria um departamento na Odebrecht exclusivamente destinado para a gestão do pagamento de propina. Marcelo se tratar de uma lenda urbana. Segundo ele, o denominado Departamento de Operações Estruturada nunca existiu para gerir o volume de recursos de caixa dois da empresa.

“Isso é folclore. Esse tal departamento de propina nunca existiu. A verdade é menos espetaculosa. Desde os anos 1980, bem antes de meu ingresso na empresa como estagiário, havia pessoas na Odebrecht que apoiavam os executivos na realização de pagamentos não contabilizados”, informou o empresário, sobre o setor específico para atender o tamanho de demandas ilegais.

Ainda de acordo com Marcelo Odebrecht, esses pagamento “eram bônus não declarados para executivos, pagamentos em espécie a fornecedores, especialmente em zonas de conflito, investimentos em que não queríamos aparecer, caixa dois para campanhas, e eventualmente até propinas. Essas pessoas iam se sucedendo, e todas eram identificadas por algum programa dentro da Odebrecht para ocultar sua real função, sendo que as últimas pessoas se autodenominaram responsáveis por operações estruturadas”, revelou o executivo.

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