O médico ainda não foi preso, porque a Justiça entendeu que ele não tem antecedentes criminais e, por isso, pode responder pelas denúncias em liberdade desde que seja monitorado por tornozeleira eletrônica.
O médico Júlio Adriano Carvalho, afastado das funções após denúncias de abuso sexual de pacientes dentro de um consultório em Manaus, compareceu a uma delegacia, nesta quarta-feira (24), para depor à Polícia Civil. No entanto, ele não respondeu nenhum questionamento.
O médico, de 34 anos, saiu do depoimento no 24ª Distrito Integrado de Polícia (DIP) escondendo o rosto com o paletó de um segurança. Ele também estava acompanhado de uma advogada de defesa.
Ele ficou cerca de uma hora na unidade policial junto ao delegado Marcelo Martins, que investiga o caso desde junho do ano passado.
Do início das investigações até agora, oito pessoas, entre vítimas e testemunhas, prestaram depoimento.
O médico ainda não foi preso, porque a Justiça entendeu que ele não tem antecedentes criminais e, por isso, pode responder pelas denúncias em liberdade desde que seja monitorado por tornozeleira eletrônica.
Nesta semana, o delegado deve seguir com interrogatórios de testemunhas e vítima.
Denúncias
Uma sexta mulher a denunciar o médico é uma funcionária de um hospital particular em Manaus, onde Carvalho trabalhava como clínico-geral. Além dela, outras cinco mulheres já fizeram a denúncia à polícia. As vítimas alegam que foram abusadas sexualmente durante consulta com o médico.
Depois de coletar os depoimentos, o delegado deve encaminhar as informações ao Ministério Público.
Investigação
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) enviou no dia 5 de abril uma notificação à Secretaria de Segurança do Estado (SSP-AM) para saber quais motivos levaram o então delegado do 20° Distrito Integrado de Polícia (DIP) a não começar uma investigação em 2016. Na época, dois casos graves foram registrados contra o clínico-geral Júlio Adriano da Rocha Carvalho.
O primeiro Boletim de Ocorrência foi registrado em agosto e o outro em setembro daquele ano. A promotoria buscou saber quem era o delegado na época. A SSP-AM terá dez dias para responder os questionamentos.
O MP também aguarda esclarecimentos do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), que não afastou o médico após a denúncia mais recente, de junho de 2018, quando uma mulher teria sido abusada por ele em um hospital particular de Manaus. Segundo o órgão, o Conselho só afastou Carvalho após uma ordem judicial.
Prisão preventiva
No dia 6 de novembro de 2018, o delegado Marcelo Martins concluiu o primeiro inquérito civil contra o médico e pediu a prisão preventiva do acusado.
O pedido de prisão foi deferido pela juíza Carren Aguiar Fernandes da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), no dia 28 de novembro do ano passado, mas o médico recorreu da decisão e conseguiu a revogação da prisão preventiva em 7 de dezembro do mesmo ano.
Ele passou a cumprir medidas cautelares – entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, a suspensão das atividades relacionadas à medicina, a proibição de exercer a profissão e a proibição de se ausentar de Manaus.
(*Samira Benoliel, Rede Amazônica)