Governo criou crédito de R$ 500 mi a caminhoneiro e põe R$ 2 bi em obra.
Caminhoneiros não ficaram satisfeitos com o pacote de medidas anunciadas nesta terça-feira, 16, pelo governo Bolsonaro para ajudar a categoria e já se articulam para fazer uma nova paralisação. Segundo o caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, que foi considerado um dos líderes da greve de 2018, a paralisação já está marcada para o dia 21 de maio –quando fará um ano da greve do ano passado.
“Estamos trabalhando nos bastidores e vamos parar o Brasil no dia 21 de maio, se não parar antes. Nós exigimos respeito, dignidade, não só do governo como do Brasil. Ninguém valoriza essa classe, que só tem tomado na cabeça desde o governo Dilma”, disse o Dedéco.
Porém, segundo o caminhoneiro, caso o diesel aumente, os autônomos da categoria falam em cruzar os braços de quatro a cinco dias após a medida.
Dedéco disse que enviou um áudio com essas informações para o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após o pacote de medidas anunciado pelo governo federal nesta terça-feira, onde critica o plano. “Nada do que anunciaram nos ajuda. É um avanço conseguir dinheiro a baixo custo no BNDES? É. Mas hoje mais da metade dos caminhoneiros está com o nome no Serasa, porque não consegue pagar o caminhão.”
O caminhoneiro alertou o ministro a já criar um gabinete de crise. “O senhor pode montar o gabinete de crise aí no Palácio do Planalto, porque a paralisação vai acontecer no dia 21, data marcada pelo nosso grupo. Foi o nosso grupo que começou a paralisação no ano passado. Nós não temos mais condição de sobreviver. Nós podemos até parar antes, principalmente quando vier o aumento da Petrobras”, afirmou o Dedéco.
Em alguns grupos de WhatsApp, que já articulavam a greve, o plano foi visto como uma “cortina de fumaça”, forma de protelar uma possível paralisação.
Medidas apresentadas por Bolsonaro
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) irá lançar em breve uma linha de crédito voltada aos caminhoneiros autônomos. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (16) pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Cada autônomo, com no máximo dois caminhões por CPF, poderá ter acesso a até R$ 30 mil para compra de pneus e manutenção dos veículos.
Segundo ele, o BNDES distribuirá um total de R$ 500 milhões no sistema bancário, inicialmente na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, afirmou também que a pasta terá R$ 2 bilhões para investir na conclusão de obras importantes e manutenção de rodovias. Segundo Onyx, a despesa será rateada entre os demais ministérios.
Com os anúncios de hoje, o governo de Jair Bolsonaro faz um aceno aos caminhoneiros após a polêmica causada pela interferência do presidente na Petrobras para evitar a alta do preço do diesel nas refinarias.
Bolsonaro pediu explicações ao presidente da petrolífera, Roberto Castello Branco, sobre o motivo de uma alta prevista de 5,7% na semana passada. Diante da pressão, a companhia desistiu do reajuste momentaneamente.
O ministro também ressaltou que em breve deve ser lançado um cartão combustível da Petrobras, em que os motoristas poderão “fazer o transporte no preço da contratação”.
“Vai mitigar o impacto de ele iniciar um transporte e de repente ter o aumento do diesel e ele ter a renda consumida.”
Com: Veja