O acordo, que vem sendo costurado desde o ano passado, pode impactar não apenas o cenário dentro dos presídios, mas também as ruas, levando a uma redução nos confrontos entre os grupos rivais.

Prints de mensagens divulgadas por lideranças do Comando Vermelho (CV) confirmam que a paz foi selada entre a facção e o Primeiro Comando da Capital (PCC), e que o acordo foi feito para garantir “uma melhoria para o crime” no Amazonas.
Nas mensagens, o Conselho Permanente do CV-RL-AM afirma que a “aliança foi formada pela alta cúpula de ambas as organizações”, em 25 de fevereiro deste ano, mas que há pautas para serem debatidas pelos novos aliados.
O domínio das facções no Amazonas foi citado, destacando que os inimigos da nova aliança serão os mesmos para ambos os lados, e quem se denominar neutro também será tratado como inimigo.
“Pedimos que ambas as facções respeitem o espaço do outro e seguiremos em frente buscando avanço nas melhorias, em busca de progresso e paz absoluta no estado do Amazonas”, diz trecho do comunicado.
Ao final, os líderes afirmaram: “Esperamos que tenha ficado bem claro e específico para todos, que Deus abençoe a vida de todos”.
Desde de fevereiro os grupos criminosos ensaiam a paz para ganhar espaço no Estado – perdido por ações federais e estaduais. Após anos de uma guerra violenta que resultou em centenas de mortes dentro e fora dos presídios, algumas lideranças das duas maiores facções criminosas do Brasil, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), articulam uma trégua histórica.
CONFIRA
O site Metrópolis obteve na época com exclusividade informaões , que os grupos estavam unindo forças para pressionar o governo a flexibilizar as regras do Sistema Penitenciário Federal (SPF), onde seus principais líderes estão encarcerados sob rígidas restrições.
O acordo, que vem sendo costurado desde o ano passado, pode impactar não apenas o cenário dentro dos presídios, mas também as ruas, levando a uma redução nos confrontos entre os grupos rivais.
A reaproximação entre as facções não aconteceu por acaso. Atualmente, a cúpula de ambas as organizações encontra-se sob o regime das penitenciárias federais de segurança mxima. Nesses presídios, não há visitas íntimas, e os contatos com advogados e familiares são restritos aos parlatórios, sem qualquer interação física.
Essa política tem sido um golpe duro para os chefes do crime organizado, que perderam capacidade de comunicação direta com suas redes criminosas espalhadas pelo país e exterior. Diante desse cenário, advogados das facções passaram a atuar como intermediários entre os criminosos detidos, articulando estratégias conjuntas para pressionar o governo por mudanças.
O monitoramentos das lideranças presas já captou conversas codificadas e movimentações suspeitas de advogados que atuam em favor dos internos do PCC e CV.
Fontes confirmam que há, inclusive, uma força-tarefa jurídica entre os representantes das duas organizações, trabalhando para enfraquecer as restrições impostas pelo sistema penitenciário federal.
Indícios dessa articulação também foram registrados em presídios estaduais, com informações oriundas de conversas monitoradas dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Guerra sangrenta
Desde 2016, PCC e Comando Vermelho travam uma guerra brutal pelo controle das rotas do tráfico de drogas e pela hegemonia nos presídios estaduais. A rivalidade se espalhou por pelo menos nove estados, resultando em massacres, atentados e disputas territoriais.
Essa política tem sido um golpe duro para os chefes do crime organizado, que perderam capacidade de comunicação direta com suas redes criminosas espalhadas pelo país e exterior. Diante desse cenário, advogados das facções passaram a atuar como intermediários entre os criminosos detidos, articulando estratégias conjuntas para pressionar o governo por mudanças.
O monitoramentos das lideranças presas já captou conversas codificadas e movimentações suspeitas de advogados que atuam em favor dos internos do PCC e CV. Fontes confirmam que há, inclusive, uma força-tarefa jurídica entre os representantes das duas organizações, trabalhando para enfraquecer as restrições impostas pelo sistema penitenciário federal.
Indícios dessa articulação também foram registrados em presídios estaduais, com informações oriundas de conversas monitoradas dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Guerra sangrenta
Desde 2016, PCC e Comando Vermelho travam uma guerra brutal pelo controle das rotas do tráfico de drogas e pela hegemonia nos presídios estaduais. A rivalidade se espalhou por pelo menos nove estados, resultando em massacres, atentados e disputas territoriais.
Caso a aliança se mantenha, o tráfico pode sofrer uma reorganização, com as facções possivelmente dividindo áreas de influência em vez de disputá-las com violência. Além disso, o pacto abre margem para novos acordos de cooperação no mercado ilegal de drogas, armas e lavagem de dinheiro.
Histórico
O Comando Vermelho, criado em 1979 no presídio da Ilha Grande (RJ), tem um histórico mais antigo e consolidado. Já o PCC, fundado em 1993 na Casa de Custódia de Taubaté (SP), cresceu exponencialmente e se tornou a maior facção criminosa do país, operando como uma multinacional do crime.
As duas facções mantiveram uma aliança estratégica por muitos anos, compartilhando influência e rotas do tráfico. No entanto, a paz desmoronou em 2016, quando disputas internas e divergências sobre o controle do crime nos presídios levaram a uma ruptura até então definitiva.
O “salve” da guerra foi enviado pelo PCC diretamente a um dos chefes do CV, Marcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que se recusou a intermediar um acordo.
A consequência foi uma escalada de violência sem precedentes, com rebeliões e massacres dentro dos presídios. O episódio mais emblemático ocorreu em Manaus, no primeiro dia de 2017, quando 56 detentos – 26 deles membros do PCC – foram brutalmente assassinados por membros da Família do Norte (FDN), aliada do Comando Vermelho na época.