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Milhares de doses de vacinas vencidas podem ter sido aplicadas no país

Matéria publicada na Folha de São Paulo aponta que os pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp, levantaram que cerca de 26 mil doses de vacinas da AstraZeneca fora do prazo podem ter sido aplicadas no Brasil. Prefeituras citadas pelos dois denunciantes negam o problema e atribuem o levantamento a uma falha dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Ministério da Saúde disse que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação “respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”.

O site G1 ouviu as prefeituras citadas pelos denunciantes. Elas afirmam pode haver erro no preenchimento dos dados no sistema que levaram à conclusão de que as aplicações foram dadas após o prazo de vencimento.

O problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina (veja tabela abaixo), segundo levantamento de Sabine Righetti (Unicamp) e Estêvão Gamba (Unifesp):

LoteValidadeDistribuiçãoDoses distribuídasAplicadas após validade
4120Z00129/03/202124/02/2021499.4802.911
4120Z00413/04/202122/01/2021179.880874
4120Z00514/04/202122/01/20211.819.87017.674
CTMAV50130/04/202124/03/2021100.7801.814
CTMAV50531/05/202124/03/2021316.8001.090
CTMAV50631/05/202124/03/2021350.380942
CTMAV52031/05/202124/03/2021254.16084
4120Z02504/06/202124/02/2021351.190546

De acordo com a denúncia, foram aplicadas 25.935 doses fora do prazo em pelo menos 1.532 cidades. Na lista, Maringá (PR) aparece como a cidade com mais doses vencidas: 3.536.

Em nota ao G1, a prefeitura negou a prática e associou o achado dos pesquisadores a erros no preenchimento de tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Ministério da Saúde diz que “caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. Além disso, ainda segundo a pasta, “o vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local”.

De acordo com Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUs e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil.

Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Ainda, de acordo com a pesquisadora e jornalista, são os únicos lotes que já passaram da validade no país.

Cidades negam

As prefeituras de Maringá (PR), Belo Horizonte (MG) e Juiz de Fora (MG) divulgaram notas rebatendo o levantamento. Em comunicado, o secretário da Saúde de Maringá, Marcelo Puzzi, afirmou que o erro não ocorreu.

“O lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento. Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá e sim erro no sistema do SUS.” – Marcelo Puzzi, secretário da Saúde de Maringá

A Prefeitura de Belo Horizonte também negou o problema. “O que ocorreu foi o registro da data de aplicação de forma incorreta no sistema do PNI. A Secretaria Municipal de Saúde informa que já contatou as pessoas que foram vacinadas com os lotes em questão, verificou os cartões de vacina, e não há nenhuma inconformidade”, informou a prefeitura de Belo Horizonte em nota.

A prefeitura de Juiz de Fora divulgou um post nas redes sociais também negando o erro.

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