
Frases como “Você é tão bonita(o), nem parece ter deficiência” ou “Se ela(e) conseguiu, qualquer pessoa consegue” são exemplos de capacitismo. Elas mascaram preconceitos e reforçam estereótipos. Para enfrentar esse tipo de discriminação, o Ministério do Esporte lançou a campanha Setembro Verde – Contra o Capacitismo, iniciativa que marca o mês da inclusão da pessoa com deficiência.
O Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, número que corresponde a 7,3% da população com 2 anos ou mais, segundo dados do IBGE. Apenas no primeiro semestre de 2024, foram registradas mais de 74 mil denúncias na Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
“O Brasil é uma potência mundial do esporte paralímpico. Queremos usar o esporte como ferramenta de transformação e conscientização. Pretendemos abrir caminho para uma mudança de mentalidade: combater o capacitismo é tarefa de toda a sociedade”, destacou o ministro do Esporte, André Fufuca.
Para a diretora de Projetos Paradesportivos do Ministério do Esporte, Nayara Falcão, a campanha do Setembro Verde marca um momento histórico para o Governo do Brasil. “É a primeira vez que um ministério assume a responsabilidade social de enfrentar o capacitismo de maneira direta, com participação social das próprias pessoas com deficiência, trazendo essa pauta para o centro das discussões. Mas não dá para falar de capacitismo sem reconhecer que ele se conecta a outras formas de discriminação, como o racismo, o machismo, a LGBTQIAPN+fobia, o classismo e tantas outras. Afinal, estamos falando de seres humanos que vivem e resistem em múltiplas identidades sociais.”
A campanha
Durante todo o mês, o Ministério do Esporte vai promover ações educativas nas redes sociais, oficinas internas e workshops, com foco em conscientização, valorização do paradesporto e combate a atitudes discriminatórias. Entre as datas de destaque estão o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21) e o Dia Nacional do Paradesporto (22/9).
A campanha reforça um ponto central: inclusão não é favor, é direito. Por isso, todos os materiais terão recursos de acessibilidade e contarão com o protagonismo de pessoas com deficiência na construção das mensagens.
Além de mobilizar a sociedade civil, atletas e entidades esportivas, a iniciativa também pretende envolver outros órgãos do governo federal, parlamentares e imprensa. “O nosso compromisso, como Ministério do Esporte, é dar visibilidade à deficiência, que tantas vezes é invisibilizada, e propor um letramento coletivo. Queremos estimular cada pessoa a refletir sobre suas atitudes, comportamentos e falas, para juntos construirmos uma sociedade mais afetuosa e respeitosa. O esporte é nossa ferramenta pedagógica de educação popular, como Paulo Freire tanto sonhou e semeou”, conclui Nayara.