Agricultura: Na avaliação de Tereza Cristina, o setor bancário poderia ajudar muito ao dar um bônus para aqueles que produzem dentro da legalidade e que preservam
Os agricultores e pecuaristas que produzem de acordo com a lei ambiental brasileira e de forma sustentável na região amazônica deveriam ter incentivos, incluindo juros bancários mais baixos ou “quase zero”, defendeu nesta quarta-feira (19) a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Em meio a discussões sobre o avanço da agricultura em áreas ambientalmente sensíveis e ameaças e ações de investidores para cortar aportes em empresas coniventes com o desflorestamento, a ministra ressaltou que a maior parte da produção brasileira não está na Amazônia e que a lei nacional não prevê desmatamento zero no bioma amazônico.
A proibição ao desmatamento, acrescentou, vale apenas para reservas ambientais, parques nacionais e áreas indígenas, por exemplo. Na Amazônia, o produtor rural, pela lei, pode utilizar 20% da área, algo que segundo a ministra deveria receber estímulos se realizado de forma sustentável.
Na avaliação da ministra, o setor bancário poderia ajudar muito ao dar um bônus para aqueles que produzem dentro da legalidade e que preservam.
“Quem está abrindo uma área de maneira correta, usando ferramentas mais modernas e dentro do arcabouço legal das nossas leis ambientais, esse cara de repente tinha que ter um financiamento de quase zero de juros”, comentou a ministra, durante evento online do Itaú BBA.
Segundo ela, há muito dinheiro no mundo “a juros negativos” que poderia ser reservado para fazer um “programa bem bolado”.
Tais ações poderiam colaborar para “fazer uma imagem muito boa, que o Brasil está precisando neste momento”, disse a ministra, em referência a críticas sofridas pela administração Bolsonaro na área ambiental.
Ela falava sobre como o setor bancário poderia ajudar em iniciativas de desenvolvimento sustentável. Itaú, Bradesco e Santander lançaram recentemente um plano com medidas prioritárias relacionadas ao tema, em meio à maior pressão internacional para a preservação da região amazônica.
Segundo a ministra, o Brasil tem 66% da vegetação nativa preservada em todo o seu território, e as pessoas precisariam separar “o joio do trigo” antes de fazer acusações.
Na área do governo, ela ressaltou que o Plano ABC, que estimula a agricultura de baixo carbono dentro do Plano Safra, recebeu mais recursos na temporada atual e logo será incrementado e modernizado.
Rastreabilidade – Questionada sobre a rastreabilidade na pecuária, a ministra afirmou que rastrear a produção é importante, assim como a regularização fundiária e afirmou que o financiamento do pecuarista rastreado deveria ter juros menores, assim como o frigorífico deveria pagar mais pelo gado desse produtor.
“Dizem que vamos fazer a MP da grilagem… sou uma pessoa prática, temos que colocar o dedo na ferida e resolver. Quem estiver de maneira irregular, tem que cumprir a lei, mas tem que resolver quem está lá há muitos anos esperando regularização, gente que foi para lá com promessas do governo federal e que está lá abandonado, e vocês não podem nem financiar”, comentou.
Ela comentou que, à medida que for feita a regularização, o governo terá menos trabalho para fiscalizar. “Não entendo a lógica de quem é contra a regularização fundiária”, afirmou, observando que quase 90% dos pequenos produtores da Amazônia têm menos de quatro módulos.