
O ministro da Casa Civil do governo Lula, Rui Costa, está na marca do pênalti, para usar o jargão futebolístico que ilustra a sua atual situação diante das críticas contra a sua fala na Bahia de que Brasília é uma ilha da fantasia e que a maioria das pessoas que habitam a capital federal fazem o errado, achando que é o correto.
As declarações do baiano causou frisson no meio político e deputados distritais do Distrito Federal fizeram um documento, que foi entregue ao presidente da República pedindo a sua cabeça.
Como se não bastasse, setores produtivos do DF também se sentiram ofendidos e reagiram de forma contundente às declarações de Costa. Eles rebatem o desprezo do político baiano com a capital federal, apontando o peso social e econômico da região.
“A fala do ministro denota, no mínimo, preconceito e desconhecimento. Brasília abriga, hoje, mais de 3 milhões de brasileiros com origem em todas as regiões do país. Desses, quase 60% são brasilienses natos. A capital é a oitava maior economia do país, produz para o Brasil um PIB de R$ 337 bilhões, fruto do trabalho incansável destes brasileiros”, destaca nota de repúdio, assinada por várias entidades do segmento econômico local. Entre elas, o Sindicato das Empresas da Construção Civil (Sinduscon/DF), o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Sustentável do DF (Codese), Ademi e Asbraco.
“Se o ministro andasse pela Brasília real, muito maior que a Brasília da Esplanada dos Ministérios, conheceria de perto uma cidade viva, pujante, com riquezas e pobrezas, virtudes e defeitos, como qualquer cidade brasileira, e teria se abstido de fala tão ofensiva à nossa população”, destacam as entidades.
Até parte dos petistas e parlamentares do Centrão pedem a demissão do ministro de Lula. A insatisfação com Costa se dá pelo fato de o ministro supostamente ser o responsável por travar nomeações e a liberação de emendas parlamentares. Além disso, ele também é acusado de não cumprir acordos firmados com o Legislativo.
Um dos parlamentares insatisfeitos com a conduta do ministro é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Para ele, Costa não respeita a liturgia do cargo e atravessa negociações firmadas entre os membros da Casa.
Mulher no Tribunal de Contas
Rui Costa também foi manchete da imprensa brasileira recentemente ao colocar a sua esposa, a enfermeira Aline Peixoto, de 40 anos, para ocupar uma vaga de conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) baiano, onde ficará no cargo até os 75 anos com salário inicial de R$ 37,5 mil.
Críticas a Brasília
Durante um evento em Itaberaba, na Bahia, o ministro criticou Brasília. Ele afirmou que muitos optam por fazer o errado na capital federal.
“Brasília é difícil”, argumentou o petista. “Lá, fazer o certo para muitos está errado. E fazer o errado para muitos é que é o certo na cabeça deles.”
A fala de Rui Costa gerou controvérsias dentro da esquerda. A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o ministro mostrou que não conhece a capital brasileira.
Já o deputado distrital Fábio Felix (Psol) afirmou que a declaração é “lamentável” e “demonstra puro preconceito, desconhecimento e uma leitura preguiçosa da situação do DF”.
A declaração do ministro também ensejou críticas do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que chegou a chamá-lo de “idiota”.
“É triste ver que alguns políticos não têm a menor noção do que Brasília representa para o Brasil”, lamentou Rocha. “Declarações infelizes só servem para aumentar o clima de animosidade que devemos combater no país. O Brasil pede paz para que possamos trabalhar em benefício de todos, afirmou nas redes sociais.