Ministro japonês chegou a propor que Organização Mundial de Saúde “deveria mudar seu nome para Organização Chinesa da Saúde” porque foi omissa em investigar as informações chinesas sobre o coronavírus

A Organização Mundial de Saúde (OMS) começou a ter suas decisões contestadas na condução e orientação na pandemia do coronavírus (covid-19), por duas das principais nações do planeta. A entidade é criticada pela demora em definir a doença como uma ameaça mundial e aceitar as informações da China que, a princípio, tratou o vírus como uma pneumonia, apesar de ter descoberto o novo coronavírus ainda em dezembro de 2019 proveniente da alimentação de animais silvestres pelos chineses.
A OMS também desconsiderou o desaparecimento e a morte de médicos que denunciaram a doença na China e, apesar de estudos de especialistas orientar o uso de máscaras por todos, a entidade considera que apenas infectados e profissionais de saúde façam uso desse equipamento de proteção. Cientistas afirmam que, como o vírus não se manifesta em algumas pessoas, assintomáticas, elas podem ser potenciais agentes transmissores da doença, principalmente para idosos ou quem possui histórico de patologias pré-existentes como cardiopatias ou diabetes.
No final de março, o vice-primeiro ministro do Japão e ministro das finanças do país, Taro Aso, disse a políticos japoneses que a organização deveria mudar seu nome para “Organização Chinesa de Saúde”. Afirmou ainda que se a OMS não tivesse insistido que a China não tinha epidemia de “pneumonia” –o que se desconfiava antes da descoberta da doença–, todos teriam tomado precauções e evitado mais mortes.

Taro Aso comentou ainda sobre Taiwan, uma ilha localizada ao Leste da China. Para ele, a ilha só se tornou líder mundial no combate ao vírus chinês porque descartou as recomendações da OMS. Até esta 3ª feira (7), o Japão registrou 3.906 casos e 92 mortes em decorrência da doença. Os EUA 377.605 casos e 11.784 mortes. Já Taiwan tem 376 casos e 5 mortes registrados.
Na última terça-feira (7) foi a vez do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fazer duras críticas à OMS. Por meio do Twitter, Trump disparou contra a organização, que é mantida por vários países, incluindo o dele. “A OMS estragou tudo”, disse em relação a condução do combate à pandemia da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“Felizmente não segui seu conselho de deixar a fronteira com a China aberto desde o início”, escreveu Trump, que acusou a organização de ser “sinocêntrica”, embora “fortemente custeada por recursos norte-americanos”. “Por que nos deram um conselho tão errado?”, questionou o presidente americano.

Petição pede saída de Adhanom
Por conta dos questionamentos, o trabalho do diretor da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus começa a ser colocado no “paredão”. Uma petição online pede que o chefe da organização se demita por causa do tratamento da pandemia e ja recebeu mais de 690.000 assinaturas em todo o mundo nos últimos dias.
A petição na plataforma Change.org, com sede nos EUA, alega que Tedros Adhanom Ghebreyesus, que não é médico, é inadequado para seu papel como Diretor Geral da OMS. Segundo a plataforma, a disseminação do coronavírus se deve em parte à sua subestimação da situação e que o chefe da OMS acreditava nos números de mortes e infecções dados pela China sem nenhuma investigação, para ver se realmente de fato os dados eram corretos. Isso permitiu aglomerações pelo Ano Novo Chinês e a viagem de milhares de chineses para diversos países do mundo espalhando a doença.

Antes de assumir o cargo de Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom foi ministro das Relações Exteriores e da Saúde da Etiópia, durante quatro anos (2012 a 2016), do regime da Frente de Libertação do Povo Tigray, uma ala do Partido Democrático Revolucionário Popular da Etiópia (PDRPE), alinhado com o Partido do Trabalho da Albânia, que segue uma linha marxista-leninista Albanesa. As eleições que levaram esse partido ao poder naquele país africano foram contestadas pela União Européia, os EUA e a oposição. Na sua passagem à frente do Ministério do Exterior, Adhanom se aproximou da China e da Rússia. A gestão da PDRPE é acusada de omitir números de casos e mortes de epidemias de cólera no país que assolaram a Etiópia.
O etíope de 55 anos, popularmente chamado de Dr. Tedros, na verdade não é médico. Formado em biologia e com mestrado em imunologia de doenças infecciosas da Universidade de Londres, Tedros fez doutorado em saúde comunitária na Universidade de Nottingham.
Tanto conhecimento o tornou o primeiro africano eleito para chefiar a Organização Nacional da Saúde, em 2017. Três anos mais tarde, Tedros tem uma nova rotina. Hoje, ele foi eleito por 133 votos e seu mandato vai até 2022, e se tornou conhecido mundialmente pelas coletivas diárias e é o rosto da OMS na luta encampada contra a pandemia de coronavírus.