A revista Veja revelou que estudantes da universidade São Judas Tadeu, em SP, ouviram relatos de mulheres assediadas por Silvio Almeida

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi denunciado à organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres. A Me Too Brasil, que acolhe vítimas de violência sexual, confirmou ter sido procurado por mulheres que relataram supostos episódios de assédio sexual praticados pelo ministro. O ministro interpelou judicialmente a organização e sua defesa disse que houve crime de calúnia e questionou se se a ONG tem competência sobre os relatos de assédio. Almeida divulgou nota e gravou um vídeo negando as acusações.
Na interpelação, um pedido de esclarecimento feito em juízo, apresentado ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), os advogados de Almeida afirmaram que os pontos a serem respondidos pelo Me Too se destinam a subsidiar um eventual processo por crime contra a honra.
A defesa de Silvio Almeida disse ter havido contra ele crime de calúnia “por meio de veículo de comunicação, o que evidentemente facilitou a sua extensiva divulgação”.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, se defendeu o ministro.
DENÚNCIAS
A ONG Me Too, de combate ao assédio sexual, divulgou nota na quinta-feira (5) afirmando ter recebido as denúncias contra o ministro.
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico”, diz a ONG num comunicado à imprensa.
As mulheres que procuraram o Me Too Brasil para denunciar supostos assédios de Silvio Almeida, e cujas identidades foram preservadas pela organização, poderão fazer com que casos mais antigos ressurjam.
Reportagem do colunista Matheus Leitão, na revista Veja, revelou que estudantes da universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, ouviram relatos de colegas mulheres que se dizem assediadas sexualmente por Silvio Almeida, entre 2007 e 2012.
Entre as vítimas do assédio sexual está a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial. A denúncia contra o ministro ao Me Too Brasil inclui também relatos de assédio contra outras mulheres. O site Metrópole de Brasília procurou Aniell que não quis comentar o assunto.
O site apurou junto a 14 pessoas, entre ministros, assessores do governo e amigos de Anielle Franco, como teriam ocorrido os supostos episódios de assédio a ministra. Elas informaram que teriam havido toque nas pernas da ministra, beijos inapropriados ao cumprimentá-la, além de o próprio Silvio Almeida, supostamente, ter dito a Anielle expressões chulas, com conteúdo sexual. Todos os episódios teriam ocorrido no ano passado.
Silvio Almeida lecionou por 14 anos na instituição, até 2019. A coluna de Matheus Leitão ouviu alunos que disseram que Silvio Almeida supostamente oferecia notas melhores se as estudantes tivessem encontros com ele.
“Os relatos são de tentativa de troca de favores sexuais para que a avaliação das provas fosse alterada para melhor, incluindo alunas que corriam o risco de reprovação nas matérias ensinadas por ele”, escreveu Matheus Leitão na reportagem.