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Morre o empresário Abilio Diniz, aos 87 anos

João Paulo Diniz (à esq.) morto em 2022 ao lado da família — Foto: Reprodução

O empresário Abílio Diniz, de 87 anos, morreu hoje à noite em São Paulo. Um dos empresários mais importantes e influentes do Brasil nas últimas quatro décadas, ele estava internado há cerca de um mês com pneumonia no Hospital Albert Einstein em São Paulo.

“É com extremo pesar que a família Diniz informa o falecimento de Abilio Diniz aos 87 anos neste domingo, 18 de fevereiro de 2024, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. Desde já, a família agradece a todos”, informou a família do empresário em nota.

Abilio estava de férias em janeiro em Aspen (EUA), se recuperando de duas cirurgias no joelho. Lá, começou a passar mal e retornou ao Brasil.

Foi durante quase seis décadas presidente e controlador do grupo Pão de Açúcar, fundado por seu pai. Depois de uma feroz disputa judiciária com seu sócio francês, o Casino, vendeu sua participação na empresa, mas não deixou o varejo de supermercado.

Tornou-se sócio do Carrefour -ocupava a vice-presidência do conselho de administração do Brasil e integrava o board do Carrefour mundial, onde é um dos maiores acionistas.

A Península, a empresa de participações da família Diniz, é atualmente o segundo maior acionista do Carrefour. Detém 8,4% de participação e 13,73% do capital votante — à sua frente somente a família Moulin. Abilio era o presidente do conselho da Península.

História de vida

Filho mais velho de um imigrante português com uma brasileira, Abílio nasceu em 28 de dezembro de 1936 em São Paulo e fez carreira no setor de varejo, trabalhando com o pai em um mercado fundado por ambos, que depois se tornaria a rede de supermercados Pão de Açúcar.

O pai de Abilio, Valentim Diniz, chegou ao Brasil, vindo de Portugal, em 1929. No Rio de Janeiro, se maravilhou com os pontos turísticos da então capital brasileira – em especial, o Pão de Açúcar, na Urca.

Valentim, que logo depois se casou com Floripes Diniz, foi caixeiro e entregador de um supermercado. Em 1949, abriu a doceria “Pão de Açúcar”.

Após se formar na segunda turma de administração de empresas da recém-criada FGV, Fundação Getúlio Vargas, Abilio planejava trabalhar em uma multinacional ou seguir carreira no exterior, onde realizaria o sonho de se tornar professor.

A veia empreendedora, no entanto, falou mais alto: o pailhe fez a proposta de abrir um supermercado. É inaugurado então o primeiro supermercado Pão de Açúcar, em 1959, nas proximidades da doceria dos pais. O negócio deu tão certo que, em dez anos, a rede já contava com quarenta unidades e mais de 1.600 funcionários.

Abilio Diniz teve seis filhos, dezoito netos, além de bisnetos. O filho caçula, Miguel, nasceu em 2009, quando o empresário tinha 72 anos.

Diniz se casou duas vezes. Em seu primeiro relacionamento, com Auriluce, teve quatro filhos: Ana Maria, João Paulo, Pedro Paulo e Adriana. Já com Geyze, com quem se casou em 2004, vieram Rafaela e Miguel.

Em seu site, Abilio cita três episódios que o marcaram negativamente entre as décadas de 1980 e 1990: a briga com os irmãos pelo controle acionário do GPA, o seu sequestro e a quase falência do grupo.

Valentim Diniz havia deixado a maior parte das ações do GPA para Abilio, em uma divisão que, segundo o empresário, considerava o envolvimento de cada um dos seis filhos com os negócios. Os irmãos e a mãe questionaram a partilha em um processo que se arrastou por anos na Justiça e só chegou ao fim em 1994, quando houve um acordo para que Abilio mantivesse o controle da companhia.

Durante o período de disputa, no entanto, a empresa quase foi à falência e adotou um sistema de cortes para se manter em pé. Somente em 1995, já estabilizada, fez sua estreia na Bolsa de Valores de Nova York após um acordo com a rede francesa Casino, a quem cedeu o controle do grupo em 2013.

Sequestro

Em dezembro de 1989, Abilio foi sequestrado no Jardim Europa, bairro da zona Oeste da capital paulista, enquanto dirigia para seu escritório. Ele ficou seis dias em cativeiro em uma casa no bairro Jabaquara, na zona Sul, dentro de um caixote com um buraco em cima que dava para um cano de ar. Seus sequestradores pediam 30 milhões de dólares em resgate, que não foi pago.

“Tinha certeza que iria morrer, já sentia de cara. Para poder respirar melhor eu tinha que me levantar, não dava para ficar em pé, encostar o nariz lá no cano e puxar o ar”, disse o empresário em entrevista ao podcast Flow em setembro de 2021.

A polícia descobriu o local onde ele era mantido e Abilio só foi liberado após um cerco de 36 horas, no qual chegou a ser usado como escudo humano por seus captores.

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