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Morre papa Francisco, aos 88 anos

Papa: peçamos a graça de reencontrar o caminho rumo a Deus - Vatican News

O papa Francisco morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira (21). A morte do papa foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano. “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, informou.

“Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja”, anunciou Farrell e continuou: “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.

“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, concluiu a declaração.

Francisco passou por episódios de dificuldades respiratórias no começo do ano. Ele ficou internado por quase 40 dias no Hospital Gemelli e recebeu alta no dia 23 de março. Em seguida, o papa recebeu um diagnóstico de pneumonia nos dois pulmões, uma condição que pode inflamar e cicatrizar os órgãos, dificultando a respiração.

O Vaticano descreveu a infecção do papa como “complexa” e explicou que foi causada por dois ou mais microrganismos. Enquanto esteve no hospital, o pontífice apresentou diferentes quadros de saúde, tendo pioras seguidas de melhoras.

Durante a internação, Francisco sofreu uma “crise respiratória prolongada semelhante à asma” e precisou de transfusões de sangue em decorrência de uma baixa contagem de plaquetas, associada à anemia.

O pontífice também esteve em “estado crítico” enquanto internado e apresentou insuficiência renal inicial leve. Ele chegou a gravar um áudio para os fiéis agradecendo orações pela melhora da sua saúde. A mensagem ocorreu após o Vaticano dizer que o pontífice permaneceu estável e não teve nenhum novo episódio de crise respiratória.

Contudo, os médicos denominaram o prognóstico do papa de “reservado”, o que significa que ele ainda não estava fora de perigo. Os episódios respiratórios de Francisco exigiram que ele usasse ventilação mecânica não invasiva, que envolve colocar uma máscara sobre o rosto para auxiliar na passagem do ar pelos pulmões.

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, assumiu o comando da Santa Sé em março de 2013. Ele marcou a história da Igreja Católica como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.

O próximo papa

O Colégio dos Cardeais, composto por clérigos católicos de alto escalão – muitos deles nomeados pelo próprio Francisco – elegerá o próximo papa. Para ser elegível, o candidato deve ser um católico romano batizado do sexo masculino, mas há séculos que os cardeais selecionam exclusivamente alguém de suas fileiras.

Atualmente, existem mais de 240 cardeais em todo o mundo. Só aqueles com menos de 80 anos têm voto no conclave. E embora o número de eleitores costume ser limitado a 120, atualmente há 138 deles, que elegem o próximo papa por meio de um processo secreto. Tradicionalmente, é necessária uma maioria de dois terços para eleger o novo papa, e a votação continua até que essa parcela seja atingida.

O processo costuma ocorrer duas ou três semanas após a morte do papa em exercício (permitindo um período de luto de nove dias e que cardeais de todo o mundo se desloquem ao Vaticano). O conclave de 2013, que elegeu Francisco, o primeiro pontífice da América do Sul, começou doze dias após a renúncia de seu antecessor, Bento XVI.

Os favoritos do conclave

De todos os 138 cardeais elegíveis para votar no conclave, 110 foram nomeados pelo papa Francisco. Este grupo é notavelmente mais diverso do que os anteriores, com uma representação maior da Ásia, África e América Latina, espelho do objetivo do falecido papa de ampliar o alcance da Igreja. O mais jovem tem apenas 45 anos – um clérigo ucraniano radicado na Austrália.

Como resultado, existe a possibilidade de que, pela primeira vez em séculos, o próximo papa venha da África ou da Ásia, ou de outra região tradicionalmente sub-representada na liderança da Igreja.

Entre os cardeais africanos em discussão estão Peter Turkson, de Gana, ex-chefe do Pontifício Conselho Justiça e Paz, e Fridolin Ambongo, da República Democrática do Congo, arcebispo de Kinshasa. Eles são conservadores convictos que têm sido defensores ativos da paz em seus respectivos países. Ambongo já se desentendeu publicamente com Francisco, quando rejeitou um decreto que determinava que a Igreja deveria dar bênçãos a casais homossexuais, argumentando que isso “não pode ser implementado na África sem que (os cristãos) se exponham a escândalos”. Ele efetivamente declarou a doutrina nula e sem efeito no continente africano.

Outro forte concorrente é o cardeal filipino Luis Tagle, ex-arcebispo de Manila. Assim como o falecido papa, Tagle enfatiza a justiça social e o cuidado com os pobres, motivo pelo qual foi apelidado “o Francisco asiático”. Ele vem criticando a postura “severa” da Igreja em relação a gays, divorciados e mães solteiras e, como sétimo cardeal das Filipinas, se tornaria o primeiro papa asiático se escolhido.

O cardeal húngaro Peter Erdo é visto como um dos principais candidatos conservadores e poderia servir de ponte para os cristãos orientais. Arcebispo de Esztergom-Budapeste, Erdo é um tradicionalista que defende a aproximação com os cristãos ortodoxos, enfatizando a “necessidade desesperada” de unidade entre as igrejas. Ele é conhecido por ser contra a participação de católicos divorciados ou recasados ​​na Sagrada Comunhão e fez algumas afirmações controversas, incluindo a comparação entre acolher refugiados e o tráfico de pessoas.

Também na disputa está o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, cuja função diplomática o tornou bem conhecido por todos os cardeais. Ele mantém uma postura de meio-termo na maioria das questões políticas enfrentadas pela Igreja, mas seria visto como uma extensão do legado de Francisco.

Outros possíveis candidatos incluem o italiano Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, e o maltês Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cargo que o manteve em contato próximo com Francisco.

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