Suspeitos foram presos em cinco cidades de quatro estados brasileiros.
Vinte pessoas foram presas suspeitas de envolvimento na morte de 55 presidiários em maio deste ano em cadeias do Amazonas. De acordo com a polícia, dentre os detidos está Maria Cleia Fernandes Barbosa, de 48 anos, e Charles dos Santos Rodrigues, 26, irmãos de “Zé Roberto” – apontado como um dos líderes da facção Família Do Norte.
Eles, junto a outras duas pessoas, teriam planejado o homicídio de um integrante da facção. A morte é apontada como o estopim da matança nos presídios.
Os suspeitos foram presos no Piauí, Maranhão, Santa Catarina e Rio Grande do Norte durante a operação “Guará”, deflagrada na sexta-feira (26). Ao todo, 17 pessoas foram presas em cumprimento de mandado de prisão e quatro em flagrante.
Também foram apreendidos R$ 40 mil em espécie, submetralhadoras, pistolas e revólveres. Além de dois carros, uma moto, um notebook, nove celulares e dez quilos de drogas.
Segundo investigações da polícia, 20 pessoas participaram do crime. Cleia e Charles, o marido de Cleia, Marcelo Frederico Laborda Júnior, 29, e um jovem conhecido como Alan – que segue foragido – são apontados pela polícia como os “autores intelectuais” da matança. Outros três suspeitos participaram da execução e outro grupo auxiliou com a logística do crime.
A morte de “Magnata”
Investigações levantadas pela polícia apontaram que a matança foi orquestrada por um grupo que apoia Zé Roberto.
Para isso, o grupo teria arquitetado a morte de Magdiel Barreto Valente, conhecido como “Magnata” – apontado como homem de confiança de João Branco. Entretanto, antes de ser morto, Magnata foi torturado e obrigado a gravar um vídeo dizendo que João Branco traía o grupo criminoso e teria ordenado matanças contra os próprios integrantes da facção.
“Eles atraíram o ‘Magnata’ para a cidade de Teresina. Ele foi feito refém, levado para cativeiro, torturado e foi obrigado a gravar um vídeo – para dar maior credibilidade aos “salves” que eles divulgam nas redes – para os integrantes da facção. Isso está mais que comprovado. A ordem foi da cúpula da facção”, disse o Delegado adjunto do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), Mário Júnior.
O corpo de Magnata foi abandonado a 80 quilômetros de Teresina, no município de Caxias, que fica no interior do Maranhão.
Como agiu o grupo para matar pistoleiro, braço direito de João Branco
“Ele (Zé Roberto) se encontra preso em um presídio de segurança pública em Campo Grande e só recebe visitas controladas. A gente não tem como afirmar se a ordem foi dada por ele. Mas as pessoas ligadas a ele – que estão na liderança – tinham interesse em promover racha dentro da facção, retirando de circulação aqueles que poderiam atrapalhar os seus planos”, contou Mário Júnior.
Por que o “Magnata”?
Segundo investigações, o pistoleiro foi escolhido porque era homem de confiança de João Branco. Um depoimento dele daria maior credibilidade e convenceria os integrantes que Branco realmente traiu a facção.
“Ele foi só um meio empregado para atingir o que queriam que era rachar a facção e eliminar os seguidores leais a João Branco”, contou.
Segundo a polícia, o assassinato de presos em quatro unidades prisionais de Manaus ocorreu após a divulgação do vídeo nas redes sociais. Ao todo, foram 25 mortos no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), seis mortos na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), cinco mortes no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1) e 14 Complexo Anísio Jobim.
Quem participou?
De acordo com a polícia, familiares de “Zé Roberto” tiveram uma atuação fundamental no crime. “Conseguimos reunir elementos suficientes que apontam a participação dessas pessoas numa trama para que houvesse o resultado do massacre nos presídios dos dias 26 e 27 de maio de 2019”, disse Mário.
A polícia divulgou o nome de 15 dos presos. Dentre eles, está a irmã de Zé Roberto, Maria Cleia e Charles, apontados como líderes do movimento de divisão da facção. Segundo a polícia, a mulher também teria recrutado soldados para matar Magnata.
No grupo, Maria Cleia seria responsável pela intermediação da venda de entorpecentes. Ela possui processo por tráfico e associação ao tráfico, já foi presa em 8 de junho de 2010, processada e condenada a pena de 4 anos e seis meses de reclusão.
O marido de Cleia, Marcelo Frederico Laborda júnior, de 29 anos, agiu junto a companheira. Ele também é apontado como líder do movimento de divisão da facção, além de ter recrutado soldados para matar Magnata. Ele responde a 10 processos na Justiça, sendo três por associação ao tráfico de drogas.
A polícia informou que foram presos, também, Leandro dos Santos Chaves, de 25 anos, e Marlison Prata Mutimo Silva, de 22 anos, suspeitos de terem matado “Magnata”.
Andreza Rodrigues Lobo, 34, que seria ligada à FDN com atuação no Piauí,e Franco Jorge da Conceição,32, teriam buscado a vítima no aeroporto e o recebido em casa. Franco também teria torturado o jovem. O restante dos suspeitos, segundo a polícia, ajudou na logística do crime, alugando casas e veículos.
Os suspeitos ficarão presos no sistema prisional do Amazonas. Os irmãos de “Zé Roberto” e o cunhado ainda estão custodiados no presídio federal de Florianópolis, mas deverão chegar em Manaus até o fim da semana.
Lista dos suspeitos
- Maria Cleia Fernandes Barbosa, de 48 anos
- Charles dos Santos Rodrigues, de 26 anos
- Marcelo Frederico Laborda Júnior, de 29 anos
- Sinelia Silva Prata, de 48 anos
- Andreza Rodrigues Lobo, de 48 anos
- Leandro dos Santos Chaves, de 25 anos
- Franco Jorge da Conceição, de 32 anos
- Marlison Prata Muitmo Silva, de 22 anos
- Ivone de Araújo Mutimo, de 37 anos
- Romário Ramalho Pinto, de 25 anos
- Raquel Barbosa Oliveira, de 37 anos
- Daniel Fernandes Benvindo de Souza, de 21 anos
- Romulo Raphale dos Santos Morais, de 27 anos
- Marcilena Sanches Pereira, de 44 anos
- José lobo Rodrigues, de 37 anos