
Os homicídios no Brasil cresceram 2,8 vezes mais nas regiões Norte e Nordeste do que a média nacional, entre 2007 e 2017, ano em que 65.602 pessoas foram assassinadas.
É o que revelam os dados do Atlas da Violência 2019, publicação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quarta-feira, (5), com base em dados do Ministério da Saúde.
A distribuição geográfica e demográfica desses óbitos violentos tem se tornado cada vez mais desigual. No Brasil, morre-se mais no Norte e Nordeste e morrem mais os negros e os jovens.
A taxa de homicídios nessas duas regiões aumentou 68% no período, saltando para 48,3 vítimas por 100 mil habitantes. Enquanto isso, a média nacional cresceu 24%, atingindo o patamar inédito de 31,6.
“Desde os anos 2000 existe um aumento dos homicídios no Norte e Nordeste”, aponta o economista Daniel Cerqueira, coordenador do estudo. “Ele tem a ver com o crescimento da renda no país naquele período, porque circulação de dinheiro atrai mercados ilícitos, principalmente o de drogas, e também tem a ver com a guerra entre facções do crime organizado”, explica.
A disputa se acirrou ao longo da últimas décadas e foi deflagrada em meados de 2016 entre as duas maiores facções criminosas do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), envolvendo organizações criminosas locais.
As batalhas se deram em busca de novas rotas de transporte de drogas a partir do Peru e da Bolívia, tanto para os emergentes mercados locais daquelas regiões como para a exportação de cocaína para África e Europa.
Essa lógica poderia explicar os locais dos mais sangrentos massacres em presídios e nas ruas em 2017: Amazonas, Acre, Ceará e Rio Grande do Norte.