
Os medicamentos Mounjaro (tirzepatida), da Eli Lilly, e Ozempic (semaglutida), da Novo Nordisk, estão no centro de uma revolução na saúde e no consumo no Brasil. A demanda é tão grande que, em Manaus, os medicamentos estão em falta na maioria das farmácias.
Diante da alta procura pelos medicamentos, algumas redes ciaram uma espécie de lista de espera. Na Santo Remédio, por exemplo, foi dada à reportagem a opção de ser avisada assim que o novo estoque chegar ou mesmo fazer uma solicitação para receber a encomenda em casa – mediante receita e pagamento.
Criados para tratar o diabetes tipo 2, os dois fármacos se tornaram símbolos da nova era dos remédios para emagrecimento — um fenômeno que movimenta bilhões de reais e muda a forma como o corpo e a saúde são tratados.
Nas farmácias brasileiras, os preços refletem o impacto dessa tendência. O Mounjaro, disponível desde março deste ano, é hoje o medicamento mais caro da categoria.
Em Manaus, as canetas de 2,5 mg custam entre R$ 1.500 a R$ 1.800, as de 5 mg costam entre R$ 1860 e 2.226, as de 7,5 mg custam entre R$ 2.699 e R$ 2.964, já as dr 10 mg, podem ultrapassar R$ 3.600.
O Ozempic, que chegou antes ao país, teve seu preço reduzido recentemente pela Novo Nordisk. As versões de 0,25 mg, 0,5 mg e 1 mg variam entre R$ 1.065 e R$ 1.176, dependendo da farmácia.
Uma alternativa nacional, o chamado “Ozempic brasileiro” — produzido com liraglutida — começou a ser vendido a partir de R$ 307, tornando-se uma opção mais acessível para o público.
Como atuam Mounjaro e Ozempic
Os dois medicamentos atuam imitando o hormônio GLP-1, que regula o apetite e o metabolismo. Ao prolongar a sensação de saciedade e reduzir a fome, permitem que pacientes percam de 10% a 20% do peso corporal com acompanhamento médico.
Esse efeito, somado à intensa divulgação em redes sociais, fez as vendas dispararem e provocou escassez temporária em diversos países. Em Manaus, não tejm sido diferente.
Mas o sucesso vem acompanhado de alertas médicos e polêmicas. A utilização fora das indicações originais — especialmente para fins estéticos — preocupa especialistas.
Efeitos colaterais como náuseas, refluxo, constipação e até pancreatite exigem acompanhamento rigoroso. O uso sem prescrição, advertiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), representa risco à saúde e pode mascarar doenças metabólicas mais graves.
A indústria farmacêutica vive, contudo, um momento histórico. Estimativas da consultoria IQVIA apontam que o mercado global de medicamentos para obesidade deve movimentar US$ 100 bilhões até 2030, e o Brasil já desponta como um dos países com maior potencial de crescimento.
Com demanda crescente e valores ainda altos, Mounjaro e Ozempic consolidam uma tendência: a de que a perda de peso passou a ser tratada como questão médica, não apenas estética.
Entre promessas e controvérsias, esses medicamentos simbolizam o avanço da farmacologia moderna — e o desafio de equilibrar inovação, acesso e responsabilidade no uso de tratamentos que mudam o corpo e a vida das pessoas.


