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Manifestação pró-Bolsonaro terá várias bandeiras e divisões neste domingo

Entre os apoiadores do presidente há os radicais, os que apenas apoiam e há, ainda, quem não concorda com a própria manifestação.

Manifestantes terão várias bandeiras nas ruas, no próximo domingo

Com movimentos de direita rachados, grupos que organizam as manifestações de domingo (26) adaptaram o discurso para excluir motes radicais e tentar ampliar a adesão de apoiadores do governo Jair Bolsonaro (PSL). O próprio presidente disse recentemente que não irá comparecer ao ato de apoio ao seu governo.

A pauta das manifestações, gera divergências. Líderes ligados ao movimento evangélico e aos caminhoneiros endossam os eventos em favor do presidente, mas evitam corroborar mensagens radicalizadas de grupos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Representantes do PSL na Câmara e no Senado usaram as redes para convocar manifestantes. O Clube Militar também fez uma convocação para os atos.

Em declarações ao longo do dia, Bolsonaro oscilou entre a crítica mais direta aos políticos e aos “grupos corporativistas” e um tom conciliador quando falou especificamente dos parlamentares durante o lançamento da campanha de comunicação da reforma da Previdência.

Até o momento pelo menos 60 cidades já programaram manifestações no domingo. Há atos previstos para todas as capitais e o Distrito Federal.

Ainda que o objetivo central seja o apoio às pautas do Planalto como a Previdência, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e a Medida Provisória 870 — que reorganiza a estrutura do governo e está sob ameaça —, alguns grupos defendem do enfrentamento ao Centrão à criação da CPI da Lava Toga, além do impeachment de ministros do Supremo como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

Grande parte das páginas que divulgam os atos pede que apoiadores vistam verde-amarelo. Um levantamento nas redes dos 54 deputados do PSL identificou que pelo menos 19 fizeram convocações.

Um dos mais engajados é Coronel Tadeu (SP). “Pegue sua camisa do Bolsonaro, aquela da campanha, e compareça”, diz o deputado.

Márcio Labre (RJ) defendeu os atos afirmando que eles ocorrem em um momento de “chantagens e traições”. Carla Zambelli (SP) disse que o Congresso pode derrubar “qualquer medida positiva que venha do governo Bolsonaro”. “Se o Centrão se unir com o PT como fez, o Brasil está acabado.”

O deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, também foi às redes defender o protesto como “ato legítimo dos brasileiros” que apoiam Bolsonaro “diante de chantagens e traições em curso”.

“Estaremos de olho para divulgar os resultados e a conduta dos parlamentares nas pautas que interessam ao Brasil”, escreveu.F

Apoiadores de Bolsonaro estarão nas ruas para defender o presidente das críticas

Movimentos com estrutura mais robusta, como MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem pra Rua), que atuaram como indutores dos protestos pela queda de Dilma (PT), evitaram aderir à iniciativa.

A principal justificativa para pularem fora foi a de existir radicalismo nas propostas contra Legislativo e STF.

“O movimento liberal não compactua nem com o fechamento do Congresso nem com o fechamento do Supremo”, diz o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), face mais pública do MBL.

“Você pode e deve criticar atitudes de membros dessas instituições, mas nunca demonizá-las. Presidente que se diz conservador não pode atropelar a instituição democrática”, segue o parlamentar, um dos fundadores do movimento.

O MBL jogou a bomba no colo de Bolsonaro porque diz ter encontrado em monitoramentos indícios de que a convocação inicial, com motes de derrubada das instituições, partiram de simpatizantes do núcleo duro bolsonarista.

“São redes ligadas ao Carlos Bolsonaro e ao Olavo de Carvalho, grupos obscuros no Twitter, no Facebook”, afirma Renan Santos, coordenador nacional do MBL.

“Eles estão falando que vão defender a MP 870, a reforma? Sim, mas a maior parte dos memes e hashtags que está circulando fala em defesa do Bolsonaro, culpa do Congresso, culpa do centrão. Retórica antipolítica.”

Na sexta-feira (17), o grupo divulgou nota criticando o que chamou de “estranha manifestação” que acabaria por prejudicar a já estremecida relação com o Parlamento e, consequentemente, dificultar a aprovação das reformas.

“Tem pessoas bem-intencionadas querendo ir, beleza. Mas nós consideramos que uma manifestação contra o Congresso é ruim para a Previdência”, segue Renan.

O Vem pra Rua chegou a ser procurado para se envolver na convocação de domingo, mas se retirou quando notou “o absurdo que eram as pautas”, segundo Adelaide Oliveira, coordenadora nacional.

Embora parte das bandeiras de agora seja empunhada também pelo VPR, o grupo decidiu ficar fora porque, segundo Adelaide, o protesto “virou um ato claramente pró-Bolsonaro”. E a entidade, explica ela, “é suprapartidária, não defende políticos ou pessoas, mas ideias e projetos”.

Apoiadores

A divisão nos movimentos desembocou em alfinetadas. Adelaide diz que “era um grupinho pequeno” o que propôs inicialmente o levante do dia 26, “uma coisa não estruturada”. Renan diz que os grupos que “agem como vaquinha de presépio do governo, concordando com tudo” passaram a difundir a ideia de que o MBL é traidor dos conservadores.

No front dos que estão engajados com a preparação, Ana Claudia Graf, do Ativistas Independentes, refuta a afirmação de que o mote inicial era combater Congresso e STF.

“Isso (pedir fechamento) é mentira. Nossa manifestação está agendada desde 20 de abril”, diz ela. “O Brasil está paralisado e sangrando por causa do centrão, que insiste em chantagear o presidente. Querem ministérios e cargos. Vamos apoiar as pautas do governo; automaticamente apoiamos, sim, o presidente.”

Argumento semelhante tem Douglas Garcia, um dos fundadores do Direita São Paulo e deputado estadual pelo PSL. Para ele, a divulgação de que o ato pregaria ataques a instituições foi “para tentar desestimular um movimento que não é aparelhado”.

“A avenida Paulista é livre, mas a maior parte das pessoas vai se manifestar em apoio à Previdência, ao pacote do Moro e à MP 870 e para pressionar o centrão a apoiar essas pautas”, diz ele.

Críticas ao protesto

Apesar do apoio de uma parcela de parlamentares do partido do presidente, há congressistas que são contrárias às manifestações do dia 26.

O presidente da sigla, Luciano Bivar, afirmou que não há sentido nos protestos. “Para que tirar o povo para uma coisa que já está dentro de casa? Já ganhamos as eleições, já passou isso aí”, disse.

Na tarde desta terça-feira (21) a bancada do partido no Congresso deve se reunir para decidir se apoiará formalmente os protestos.

Em mensagem no WhatsApp, a deputada estadual Janaina Paschoal diz a deputados do seu partido que são “muito parecidos com petistas” e questiona “faculdades mentais” do presidente Bolsonaro

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) disse nesta segunda-feira (20) que seus colegas do partido “estão cegos” e que ela quer deixar a bancada da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Em mensagem enviada a um grupo de congressistas do WhatsApp, a advogada, que foi coautora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, afirma que já ajudou o partido na eleição, mas “precisa pensar no país”.

“Amigos, vocês estão sendo cegos. Estou saindo do grupo, vou ver como faço para sair da bancada. Acho que os ajudei na eleição, mas preciso pensar no país. Isso tudo é responsabilidade”, escreveu a deputada.

“Saiam da bolha. Vocês são muito parecidos com petistas. Não tem nada a ver com toma lá dá cá. O presidente precisa entender que não será ovacionado pelo povo. A história mostra que essa estratégia não dá certo”, completou. Logo depois, ela deixou o grupo.

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