
Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) enviou uma recomendação ao prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (MDB), que não use ozônio no tratamento para o novo coronavírus. O documento foi remetido a Prefeitura após ele anunciar a adoção da aplicação da substância por via retal como forma de tratar pacientes infectados com a Covid-19.
“O Ministério Público recomenda a Vossa Excelência que se abstenha de disponibilizar, no âmbito do Município de Itajaí, a prática da ozonioterapia como forma de tratamento medicamentoso em eventuais diagnósticos de Covid-19″, diz o documento.
A nota também ressalta a falta de comprovação científica da ozonioterapia no combate à doença. O texto pontua que os efeitos são desconhecidos e o tratamento não deve ser recomendado como prática clínica.
Em live nessa terça-feira (4), Morastoni afirmou ter inscrito a cidade na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para oferecer o tratamendo via admissão de ozônio pelo ânus.
O que é ozonioterapia
Em junho, a Aboz (Associação Brasileira de Ozonioterapia) conseguiu autorização do Conep (Conselho Nacional de Ética e Pesquisa) para liderar dois estudos com ozônio: um deles com pacientes ambulatoriais e outro com doentes já internados com covid-19.
As conclusões da associação são de que a aplicação de ozônio pelo ânus é uma opção “dez vezes mais barata” do que a versão intravenosa.
O Conep autorizou ao todo três estudos envolvendo a utilização do ozônio no tratamento de covid-19. Em um deles, protocolado em abril, a conclusão foi de que faltam “estudos clínicos em humanos que demonstrem o efeito de tratamento com ozônio naqueles infectados por coronavírus”.
“O efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos”, conclui estudo submetido pela Sobom (Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica) em abril.
O CFM emitiu uma resolução em 2018 em que proíbe aos médicos a prescrição de ozonioterapia em consultórios e hospitais. A exceção pode acontecer em caso de participação de pacientes em estudos de caráter experimental, com base em protocolos clínicos e critérios definidos pela Conep, como é o caso do estudo em Itajaí.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) de Santa Catarina afirmou em nota que “o volume de estudos e trabalhos científicos adequados sobre a prática ainda é incipiente e não oferece as certezas necessárias” para tratar quem foi infectado pelo novo coronavírus.