Diligências apuraram possíveis condutas imputadas ao prefeito no uso de veículos oficiais e agentes públicos em benefício do enteado, envolvido no assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues, em setembro de 2019

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, é alvo do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), por envolvimento no “Caso Flávio”. O MP amazonense quer saber se o prefeito cometeu improbidade administrativa no uso de um carro do município, dirigido pelo seu segurança pessoal, no transporte do engenheiro Flavio Rodrigues, 42, esfaqueado na casa do seu enteado, Alejandro Valeiko, e depois encontrado morto num terreno abandonado na Estrada do Tarumã, em 30 de setembro de 2019.
O MP publicou portaria (n. 002.2020.78) no Boletim Eletrônico do órgão desta segunda-feira (14) instaurando um procedimento investigativo contra Arthur Virgílio, por meio do promotor de Justiça, Hilton Serra Viana. A mulher de Arthur Virgílio, Elisabeth Valeiko, mãe de Alejandro, também é investigada pelo MP por lavagem de dinheiro e enriquecimento elícito com uso do dinheiro público.
A publicação no Boletim Eletrônico do MP diz que o órgão resolve instaurar “Procedimento Preparatório, sob o n° 06.2020.00000779-0,
tendo por OBJETO: apuração de suposto ato de improbidade
administrativa praticado pelo Prefeito da Capital, Arthur Virgílio Neto e,
eventualmente, por outros servidores da prefeitura a serem
identificados, no âmbito do chamado “Caso Flávio” (caso criminal
amplamente divulgado na imprensa local), consistente no emprego de
veículos oficiais e agentes públicos em benefício do Sr. Alejandro
Molina Valeiko, enteado do Prefeito”.

Saiba mais
Após ser esfaqueado na casa de Alessandro Valeiko durante uma festa regada a bebida e drogas, no condomínio Passaredo, na Estrada do Turismo, na Zona Oeste de Manaus, o engenheiro Flávio Rodrigues, foi transportado no banco de trás do Toyota Corolla, placa PHY 8178, dirigido pelo PM Elizeu da Paz de Souza, segurança e assessor pessoal do prefeito e lotado na Casa Militar da Prefeitura de Manaus.

Segundo investigações da polícia, Da Paz e o amigo Mayc Parede, levaram o engenheiro ainda com vida até um terreno nas margens da Estrada do Tarumã, onde foi encontrado morto horas depois com várias facadas pelo corpo.
Segundo a Polícia Civil, as imagens feitas pelo sistema de vigilância da portaria do condomínio confirmam que o policial Elizeu da Paz de Souza, Mayc Parede, retiraram Flávio Rodrigues do local no carro da prefeitura no domingo, 29 de setembro.
O corpo do engenheiro assassinado foi achado no dia seguinte, 30 de setembro, em um terreno no bairro Tarumã, na Zona Oeste de Manaus, a pouco mais de 10 km da casa de Valeiko. Posteriormente, a Justiça decidiu pela prisão domiciliar de Alejandro Valeiko.
A primeira versão para o crime, apresentada pelo prefeito, era que a casa do enteado havia sido invadida por membros de facção criminosa que cobravam do engenheiro Flávio Rodrigues uma dívida de tráfico de drogas.
O prefeito disse que Alejandro e os demais presentes na casa também foram vítimas. A polícia suspeitou da versão: por que teriam matado apenas o engenheiro, deixando as demais testemunhas vivas? Além disso, não há registros de cobranças do tráfico com facadas.
O caso
A morte do engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos ocorreu na noite de 29 de setembro, um domingo após uma balada que começou na noite anterior, no sábado, numa rave que varou o domingo em um bar no Centro da cidade até continuar na casa de Alejandro.
Após a bebedeira e o consumo de drogas, houve um desentendimento entre os participantes da festa. Além de Flávio, Elielton Magno também foi esfaqueado, mas sobreviveu. Momentos depois chegou Da Paz acompanhado de Mayc Parede, que ficaram 13 minutos na casa antes de sair levando o engenheiro até onde foi encontrado morto no dia sequinte, uma segunda-feira.
Dias após o crime, Mayc Parede se entregou a polícia e assumiu a autoria do crime, mas não convenceu os investigadores que encontram várias contradições no seu depoimento na Delegacia de Homicidio.
Além de Alejandro Valeiko, outros cinco suspeitos de participarem do crime foram presos:
- José Edvandro Martins de Souza Junior, 31 anos;
- Elielton Magno de Menezes Gomes Junior, 22 anos;
- O chefe de cozinha Vitorio Del Gatto, que morava na residência;
- O policial militar Elizeu da Paz de Souza, 37 anos, que está lotado na Casa Militar da Prefeitura de Manaus e, conforme investigações, seria segurança de Alejandro;
- Mayc Vinicius Teixeira Parede, 37 anos.


