A Prefeitura de Manaus está preparando a rede de Atenção Primária à Saúde (APS) para começar a retirar o implante subdérmico de migrantes e refugiadas venezuelanas. O implante é um método contraceptivo utilizado pelo sistema público de saúde da Venezuela. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) identificou uma grande demanda de mulheres que querem remover o dispositivo na capital amazonense.
O implante é um pequeno bastão de silicone, com cerca de 3 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, que é introduzido no braço da mulher entre o 1º e 5º dia do ciclo menstrual, no consultório, por médico ginecologista, sob anestesia local. Ele é invisível e evita a gravidez por até três anos.
O secretário municipal de Saúde, Djalma Coelho, informou que seis médicos ginecologistas da Semsa estão sendo capacitado por meio de uma parceria com o Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA). A ação é coordenada pelo Núcleo de Saúde da Mulher, Núcleo de Saúde dos Grupos Especiais e Escola de Saúde Pública de Manaus.
“Nós iremos disponibilizar o serviço em sete unidades de referência, inclusive na zona rural, para que essas mulheres não tenham sua saúde prejudicada. Até então, a retirada ou inserção do implante subdérmico não era contemplada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas estamos trabalhando para não deixar esse público sem assistência digna e de qualidade”, disse.
A técnica do Núcleo de Saúde dos Grupos Especiais da Semsa, enfermeira Leidiane Nobre, informou que algumas mulheres indígenas Warao também serão alcançadas.
“Na Venezuela, esse é um dos métodos mais comuns para evitar a gravidez, por isso muitas mulheres chegaram no nosso país com o implante. Porém, muitas delas já procuraram nossas unidades de saúde porque estão no prazo para remoção, ou porque querem adotar outra forma de contracepção disponível no SUS”, afirmou.
Um mapeamento feito por agentes da UNFPA identificou que pelo menos 40 mulheres venezuelanas estão em busca do serviço em Manaus. Durante o curso, 18 usuárias do SUS serão beneficiadas.
De acordo com a chefe do Núcleo de Saúde da Mulher, Gerda Costa, essas usuárias possuem uma espécie de bastão, semelhante a um palito de fósforo, inserido no tecido subdérmico do braço, que libera pequenas doses de hormônios para impedir a fecundação, pelo período de três anos.
“A partir do momento em que as migrantes começarem a retirar o implante, elas terão acesso a todos os outros métodos contraceptivos que a Semsa oferta em suas unidades de saúde, com destaque para o DIU (Dispositivo Intrauterino) de cobre, que não é hormonal e ainda tem uma eficácia superior aos demais. A secretaria também oferece preservativos masculinos e femininos, anticoncepcionais orais e injetáveis, além das cirurgias de laqueadura tubária e, aos homens, vasectomia”, explicou.
Após o treinamento, segundo Gerda, a secretaria irá montar um fluxo de atendimento para esse público, que deve iniciar em meados do mês de agosto. As unidades de referência para o procedimento serão as seguintes:
Zona Norte – USF Armando Mendes, na rua Aragarças (antiga rua 5), conjunto Manoa.
Zona Sul – USF Theomário Pinto da Costa, na travessa 2 de Agosto, bairro da União.
Zona Leste – USF Doutor José Avelino Pereira, na rua Cravinho, Jorge Teixeira.
Zona Leste – USF Clínica da Família Desembargador Fábio Couto do Valle, na avenida Brigadeiro Hilário Gurjão, Jorge Teixeira.
Zona Oeste – USF Luiz Montenegro, na avenida Desembargador João Machado, Lírio do Vale I.
Zona Oeste – Maternidade Moura Tapajós, na avenida Brasil, 1.335, Compensa.
Zona Rura – UBS Fluvial Doutor Ney Lacerda (ações itinerantes no rio Negro).