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Naji Nahas é alvo dos EUA por suspeita envolvendo Telecom Itália no Brasil


Sede da Telecom Itália, em Rozzano, próximo a Milão (Itália)
Foto: Reprodução

Atendendo a um pedido do Brasil, a Justiça dos EUA inicia um levantamento das contas no exterior de Naji Nahas. A suspeita é de que ele teria participado em um suposto esquema de pagamentos de propinas envolvendo a Telecom Italia, no Brasil.

Num dos registros, ele teria recebido mais de US$ 45 milhões.

Investidor e especulador, Nahas chegou a ser preso por ordem do então juiz federal Fausto de Sanctis há mais de uma década. Seu nome apareceria na Operação Satiagraha. Mas ele jamais foi condenado. Antes, Nahas havia levado a Bolsa do Rio de Janeiro a um tombo inédito e foi um ator incontornável do cenário financeiro brasileiro nos anos 90.


Acusado por diversas frentes, o nome de Nahas aparece na operação Satiagraha da Polícia Federal e no episódio da quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
Foto: Reprodução

Documentos confidenciais obtidos pela coluna datados de 12 de dezembro de 2019 revelam que a iniciativa americana é uma resposta a um pedido de cooperação lançado pelo Brasil. O texto se refere a uma solicitação para que uma corte americana autorize a designação de uma procuradora local para “coletar evidências” para executar a solicitação do Brasil. A escolhida para a função seria Teresita Mutton, da divisão penal do Departamento de Justiça dos EUA.

De acordo com o documento, o mesmo Departamento de Justiça já havia autorizado a cooperação e iniciado a investigação. Mas necessitava a designação de uma pessoa responsável.

No texto, os americanos revelam os detalhes do caso e indicam que o Brasil solicitou aos EUA diante da suspeita que pesa sobre Naji Robert Nahas “por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e corrupção ativa, entre 2002 e 2006”.

Pagamentos

No caso citado pela Justiça americana, porém, a suspeita é de que o investidor tenha atuado supostamente para corromper funcionários públicos no Brasil, à pedido da Telecom Italia.

“De acordo com as autoridades brasileiras, em 2002 ou por volta de 2002, o contribuinte brasileiro Naji Robert Nahas (Nahas) usou suas conexões com o governo brasileiro para obter tratamento favorável da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e do CADE para a provedora italiana de telecomunicações (Telecom Italia)”, relata o documento americano.

O documento americano ainda cita uma declaração de um funcionário da Telecom Italia, Fabio Ghioni, às autoridades italianas. Ele “admitiu que a Telecom Italia deu à Nahas aproximadamente US$ 5,4 milhões para subornar funcionários públicos brasileiros, a fim de garantir o controle da Brasil Telecom pela Telecom Italia”.

“Além disso, os registros financeiros obtidos das autoridades italianas que conduziram uma auditoria das contas bancárias da Telecom Italia, na Itália, revelam que entre 2 de julho de 2002 e 31 de outubro de 2006, a Telecom Italia transferiu 35.218.811,74 euros (US$ 45.002.596) para a conta bancária XX1070 da Audi Bank, que foi registrada para o Nahas filho, Robert Naji Nahas”, indicou.

Segundo os americanos, as autoridades brasileiras confirmaram que nem Nahas nem seu filho declararam essa transferência às autoridades brasileiras.

Para aprofundar a investigação, as autoridades brasileiras solicitaram às autoridades americanas que fornecessem registros bancários relativos à conta número XX1070 mantida no Audi Bank em nome ou em benefício de Robert Naji Nahas”, explica o Departamento de Justiça ao tribunal.

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