
Desde o início de julho, foram registrados sinais de descida nos níveis dos rios Negro, Amazonas e Solimões. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o comportamento já indica o início do período de vazante em Manaus, fase natural que sucede a cheia anual dos rios amazônicos.
Nesta sexta-feira (11), o Porto de Manaus confirmou a tendência ao registrar o nível do Rio Negro em 28,99 metros, uma queda de seis centímetros em relação à medição da semana anterior, que marcou 29,04 metros. Ainda segundo dados de medição, o nível do rio alcançou o ápice no domingo (5), ao atingir 29,05 metros. Desde então, apresentou estabilidade até quarta-feira (9), quando começou a baixar.
“O Rio Negro, em Manaus, iniciou a semana com descidas de 1 cm por dia. Observamos também declínios na região do Alto Rio Negro”, explica a pesquisadora em geociências do SGB, Jussara Cury.
De acordo com Jussara Cury, também foram registradas descidas no Rio Solimões, em localidades como Fonte Boa, Coari e Manacapuru. Já em Tabatinga, o cenário é diferente.
“No final da semana, o rio apresentou subidas que indicam o retorno do período chuvoso na Região dos Andes, com chuvas acima do normal para esse período que é de início de vazante”, explicou Cury.
No Rio Amazonas, foram registradas descidas médias diárias de 2 cm em Itacoatiara. A cota observada é de 12,10 metros, sendo que o esperado em Itacoatiara seria de 13,03 metros.
“Essa recessão é normal para o período, mas na região os níveis estão baixos para a época”, pontua a pesquisadora do SGB.
Mesmo com a baixa no nível, os efeitos da cheia ainda são sentidos em diversos pontos da capital amazonense, como no Centro e em bairros da Zona Sul, onde ruas seguem alagadas e a locomoção dos moradores continua comprometida.
No interior do Amazonas, 42 municípios permanecem em situação de emergência por conta da cheia dos rios — especialmente nas calhas do Juruá, Purus, Madeira, Solimões e o Rio Negro.
Para enfrentar a crise, o governo do Estado já distribuiu cestas básicas, caixas d’água, medicamentos, purificadores e equipamentos de saúde para dezenas de municípios.
O monitoramento segue ativo. Apesar do início da vazante, o cenário ainda exige atenção diante dos impactos sociais e estruturais causados pelas inundações nas últimas semanas.