Rio Negro desce mais de dez centímetros em 12 dias em Manaus.

Menos de um ano após a seca histórica que assolou a Bacia Amazônica, moradores, ambientalistas e organizações empresariais acenderam o sinal de alerta sobre o risco de mais e maiores impactos com uma nova estiagem que começará em breve.
Como as chuvas diminuem nos próximos meses nessas regiões, a Defesa Civil do Amazonas emitiu um alerta às populações de áreas remotas para que iniciem o estoque de água e alimentos.
Há duas semanas, o governo federal anunciou os editais para contratar dragagens em quatro trechos do Amazonas e do Solimões. A previsão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é de que as dragagens comecem em até dois meses, em um investimento de mais de R$ 500 milhões.
Mas especialistas dizem que outras medidas, especialmente de garantia à água em comunidades isoladas, precisam ser tomadas o quanto antes.
No ano passado, a seca afetou mais de 500 mil pessoas no Amazonas, no Acre, em Rondônia e no Pará, e levou ao menos 55 municípios ao estado de emergência. O volume dos rios da Bacia Amazônica, a maior do mundo, alcançou os menores níveis em mais de 120 anos de medição.
Praias do período seco
Na Amazônia, o período de seca ou de chuva não é homogêneo. Em Roraima, a seca começa em fevereiro, enquanto no Pará o marco é outubro.
Em Manaus, os rios ainda estão cheios, e começam a diminuir no meio do ano. Na turística Alter do Chão (PA), essa época deveria ser de Rio Tapajós totalmente cheio, mas há diversas praias que costumam ser formadas em período de seca.
Os afluentes do Norte do Solimões e Amazonas, como os rios Branco, Negro e Trombetas, estão com bons níveis. Mas no Sul, rios como o Purus, o Madeira e o Tapajós estão com muita escassez.
Descida Rio Negro
O Rio Negro desceu 12 centímetros em 12 dias Manaus. Os dados são do Porto da capital, que monitora o ritmo de descida das águas. Nesta quinta-feira (4), o rio está em 26,73 metros.

A previsão de que, em 2024, o Amazonas tenha uma seca severa nos mesmos moldes ou até pior do que o estado viveu no ano passado. Durante a estiagem severa, o Rio Negro alcançou o nível mais baixo dos últimos 120 anos. O problema colocou Manaus em emergência, fechou escolas da zona rural e mudou a paisagem de importantes pontos turísticos da capital.
A última vez que as águas desceram foi no dia 16 novembro do ano passado. Desde então, o Rio Negro tinha mantido um ritmo lento, mas constante de subida. No entanto, desde o dia 17 de junho, o rio parou de encher e passou seis dias em estabilidade.
No dia 23, porém, as águas começaram a descer. Desde então, foram 12 centímetros de descida, uma média de 1 centímetro por dia. Só nesta quinta-feira (4), o rio desceu três centímetros, a maior descida registrada até agora.
Nível do Rio Negro
Data | Vazou |
Dia 23 | -1,00 |
Dia 24 | 0,00 |
Dia 25 | -1,00 |
Dia 26 | 0,00 |
Dia 27 | -1,00 |
Dia 28 | 0,00 |
Dia 29 | -1,00 |
Dia 30 | -1,00 |
Dia 1º | -1,00 |
Dia 2 | -1,00 |
Dia 3 | -2,00 |
Dia 4 | -3,00 |
Fonte: Porto de Manaus
O cenário é o mesmo em Itacoatiara, Tabatinga e Coari. Na Velha Serpa, segundo o boletim da Praticagem dos Rios Ocidentais da Amazônia (Proa Manaus), o Rio Amazonas desceu, desde o dia 25 de junho até esta quarta-feira, 15 centímetros.
Em Tabatinga, o Rio Solimões vive um repiquete. No dia 25 de junho, as águas estavam em 6,71 metros. Na segunda-feira (1º), o rio subiu para 6,81 metros e na quarta (3) voltou a vazar, chegando a 6,69 metros na quarta-feira (3).
Em Coari, a situação é mais crítica. Desde o dia 25 de junho até esta quinta, o Solimões já vazou 43 centímetros e segue em ritmo acelerado de descida .