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Pandemia e isolamento social

Wilton Cabral

O isolamento social ganha destaque no debate atual sobre a pandemia da Covid-19, mas existem críticas à estratégia dessa medida protetiva. Esta se fundamenta, em essência, na ideia de que os impactos econômicos do isolamento social são maiores do que os seus benefícios em termos de saúde pública em geral.

Desse modo, surge a ideia de que a restrição de contato social deveria ser direcionada aos grupos de risco desta pandemia, ou seja, pessoas com mais de 60 anos de idade ou que sejam portadoras de doenças crônicas.

Os demais membros da sociedade deveriam retomar a normalidade o quanto antes a fim de reduzir os impactos econômicos, sociais e também da saúde mental de todos.

Consequências psicológicas

As pessoas realizam diariamente ações automáticas e elas são fundamentais para que possam lidar com o mundo. Essa eficiência se revela como uma vantagem evolucionária da espécie, por um lado, e isso é resultado de anos de aprendizagem em que o cérebro cria vias neurais de acesso imediato para criar rotinas e hábitos. Porém, essa vantagem evolucionária pode também ativar uma vulnerabilidade e nos direcionar para um sofrimento emocional.

Podemos desligar do piloto automático e isso é acordar, tomar consciência de padrões de pensamentos e emoções. Nosso sistema é sábio. Se precisamos parar, em algum momento ele nos sinalizará e seremos obrigados a parar. Então, um vírus parece sinalizar que, como humanidade, estávamos vivendo no piloto automático, em estado de anestesia.

Entendemos que existe uma relação entre os fatores psicológicos e a saúde física dos indivíduos. Estados de estresse crônicos contribuem para um estado de exaustão do organismo, provocando seu desequilíbrio.

Nossas experiências e traumas do passado vivenciada de forma impactante e inesperada também contribuem de forma significativa para o surgimento das patologias orgânicas e psíquicas.

Dicas para cuidar da saúde mental

A seguir sugestões de como enfrentar a ansiedade em decorrência da pandemia.

Primeira dica: pense que a ansiedade é como uma areia movediça, quanto mais você se debater para sair dela, mais para o fundo ela vai te puxar. Quando alguém vivencia níveis elevados de ansiedade é comum que a pessoa utilize rapidamente alguma estratégia para reduzi-la, algumas pessoas bebem ou comem demais, outras podem demandar uma atenção excessiva de parentes ou amigos.

Há aqueles que irão preferir checar constantemente novas notícias sobre a pandemia para tentar se acalmar. O problema é que esses comportamentos aliviam temporariamente a ansiedade podendo piorar com o passar do tempo.

Segunda dica: aceitar a ansiedade e tentar vivenciá-la como parte natural da experiência humana. Valide seus sentimentos ao invés de reprimi-los, ouça o alerta que a ansiedade traz, observe-o sem fazer julgamentos e aguarde ele finalizar.

Terceira dica: cuidado com exposição excessiva à mídia. É importante manter-se informado, no entanto, a exposição excessiva a este conteúdo pode exacerbar sua ansiedade muito mais que amenizar. Por isso, procure escolher um horário específico para se atualizar sobre o assunto.

Quarta dica: cuide de você! Você pode realizar ações que favoreçam sua saúde mental, como cuidar da sua alimentação, dormir bem, realizar atividades físicas e desfrutar de bons relacionamentos contribuirá para você lidar melhor com toda essa situação. Procurar um psicólogo é recomendável.

Quinta dica: durante uma crise de ansiedade, pratique a respiração diafragmática. Essa técnica expande o diafragma e leva o oxigênio até o abdômen, o corpo e o cérebro, aliviando assim a crise de ansiedade.

*Wilton Cabral – Psicólogo do Hapvida Saúde
CRP – 20/02078

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