O papa Francisco (foto) afirmou na última sexta-feira (10) que o regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, é uma “ditadura grosseira” e que o ditador tem “desequilíbrio”.
O pontífice deu as declarações em entrevista ao portal de notícias argentino Infobae, publicada três dias após o regime nicaraguense fechar duas universidades ligadas à Igreja Católica.
Francisco também comentou a situação do bispo de Matagalpa, Dom Rolando José Álvarez Lagos, que está preso desde agosto.
“Temos um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar o seu testemunho e não aceitou o exílio”, disse o pontífice, em referência ao desterro de 222 opositores do regime em fevereiro.
“É como trazer de volta a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura de Hitler de 1935 […] São tipos de ditaduras grosseiras”, acrescentou.
Sobre Ortega, Francisco afirmou que, “com muito respeito, não me resta senão pensar em um desequilíbrio da pessoa que lidera”.
A Nicarágua enfrenta uma onda de condenações da comunidade internacional devido à condução autoritária do Executivo de Ortega, que governa com sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.
Centenas de opositores foram detidos no país no contexto da repressão aos protestos multitudinários contra o governo em 2018. Desde então, o governo enfrenta também o mundo eclesiástico e líderes da Igreja que têm criticado suas políticas.
Há quase um ano, o governo expulsou, por exemplo, o núncio apostólico Waldemar Stanislaw Sommertag.
Na terça-feira, o Ministério de Governança (Interior) cancelou a personalidade jurídica da Universidade João Paulo II — da Conferência Episcopal da Nicarágua — e da Universidade Autônoma Cristã da Nicarágua (UCAN), alegando “descumprimentos” de leis.
No mesmo dia, o diário oficial também anunciou a dissolução dos organismos católicos beneficentes Cáritas Nicarágua e Cáritas Diocesana de Jinotega.