
A Europol (agência policial europeia) já trata o PCC (Primeiro Comando da Capital) como um dos maiores grupos criminosos do mundo. A facção nascida e criada dentro dos presídios paulistas em 1993 foi notícia em vários veículos de comunicação na Europa na última quarta-feira (3).
Policiais de Portugal, Bélgica, Alemanha, Itália, França, Eslovênia, Espanha, Romênia, Brasil e Panamá deflagraram a Operação Eureka para desarticular o tráfico internacional coordenado pela máfia italiana Ndrangheta, uma das redes criminosas mais poderosas do planeta e grande aliada do PCC.
Segundo a Europol, os clãs da Ndrangheta também estavam envolvidos no tráfico internacional de armas e intermediaram o carregamento de um arsenal do Paquistão para a América do Sul, oferecendo o armamento para integrantes do PCC em troca de remessas de cocaína para a Europa.
Investigadores da Europol rastrearam a movimentação financeira da rede criminosa e descobriram um extenso sistema global de lavagem de dinheiro com investimentos maciços na Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal, Argentina, Uruguai e Brasil. Foram presos 132 suspeitos.
Segundo a Europol, a rede, formada pela Ndrangheta, o PCC e o grupo colombiano Clã do Golfo, com atuação no Equador, investia os lucros em imóveis, restaurantes, hotéis, lava-rápidos, supermercados, entre outras atividades comerciais.
No site da Europol, o PCC é classificado como notório grupo criminoso. No Brasil, até o ano passado, a organização paulista era considerada por representantes do Ministério Público no estado de São Paulo como pré-máfia porque ainda não lavava dinheiro no exterior.
Para as autoridades europeias, o PCC é um dos principais fornecedores de cocaína para a Nhdrangheta e arrecada bilhões de reais por ano com o narcotráfico. A droga vem da Colômbia e da Bolívia e segue para a Europa via portos brasileiros.
Laços fortalecidos
Na Itália a Procuradoria de Justiça local calcula em 50 bilhões de euros o faturamento anual da Ndrangheta. O dinheiro é oriundo do comércio da cocaína proveniente O dinheiro é oriundo do comércio da cocaína proveniente da América do Sul, especialmente do Brasil, exportada pelo aliado PCC.
A Ndrangheta tem ao menos 20 mil integrantes espalhados pelos cinco continentes. De acordo com a imprensa italiana, antes da deflagração da operação Eureka, 46 membros da máfia calabresa tinham sido presos em todo o mundo.
O mais famoso deles é Rocco Morabito, 56, capturado em maio de 2021 em um flat em João Pessoa, na Paraíba. Ele era o principal elo entre a Ndrangheta e o PCC no Brasil.
O mafioso, extraditado para a Itália em julho de 2022, tinha até escritório no Itaim Bibi, em São Paulo. Há quem diga que os laços entre integrantes do PCC e da Ndrangheta se fortaleceram na Penitenciária Federal de Brasília, mesmo com o isolamento dos detentos em cela individual. Morabito ficou recolhido lá até ser mandado de volta para a Itália.