Crianças e adolescentes estão cada vez mais expostos às telas digitais, por meio de jogos, redes sociais ou outros meios de comunicação e interação na internet.
Por se tratar de um mundo vasto, elas podem ser acesso a muita coisa, da mesma forma que toda e qualquer pessoa pode ter acesso à elas, inclusive as de má índole.
A delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), explica que, no mundo virtual, existem os aliciadores virtuais que se aproveitam da vulnerabilidade das crianças e adolescentes, para atraí-las a fim de que sejam exploradas sexualmente.
“Geralmente eles traçam um perfil da vítima para estabelecer o primeiro contato, por meio dos gostos e interesses das vítimas. Se elas gostam de jogos eletrônicos, eles as abordam com esse direcionamento. Eles fingem, também, ter uma idade aproximada a elas ou semelhante, para conquistar a confiança mais rápido”, contou.
Joyce explica que, neste momento, as vítimas ficam vulneráveis e confiam no que os criminosos estão dizendo a elas, pois não sabem quem de fato está do outro lado da tela. Após um período de conversa, eles as aliciam para obter imagens de cunho sexual ou marcar encontros – nesta ocasião pode ser cometido o crime de estupro.
Conforme a titular, o aliciamento virtual pode ser prevenido por meio da atenção redobrada dos pais e responsáveis, quanto ao que as crianças e adolescentes estão acessando na internet, com quem estão conversando nas redes sociais ou, até mesmo, em aplicativos de jogos com sala de bate papo.
“A família tem um papel muito importante no combate a esse tipo de crime. A autoridade maior dentro do lar são os pais, então é dever deles orientar os filhos sobre os perigos do mundo virtual, manter uma conversa diária para que eles se sintam confortáveis em contar caso tenham sido aliciados ou tenham sido vítimas de alguma tentativa”, reforçou.
Joyce enfatiza, ainda, que é importante que os responsáveis comuniquem às autoridades policiais os crimes que ameacem a integridade das crianças e adolescentes, seja dentro ou fora da internet.
“A denúncia é primordial para que as investigações sejam iniciadas e os autores retirados de circulação. A rede de apoio em volta das vítimas também é necessária, para que elas sejam amparadas no momento da fragilidade”, ressaltou.
Canais de denúncias
A Depca está situada na avenida Via Láctea, conjunto Morada do Sol, bairro Aleixo, zona centro-sul. As denúncias também podem ser feitas por meio dos números (92) 99115-1284, disque-denúncia da Depca, bem como pelo 181, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
1. Converse e construa um laço de confiança entre você e seu pequeno
O diálogo em casa é fundamental e esclarecedor para que as crianças compreendam riscos e saibam lidar com situações em que você não esteja por perto. Em primeiro lugar, vale o bom senso para levar em conta a idade do seu pequeno e o quanto ele está preparado para compreender cada assunto. Busque uma abordagem que corresponda à idade dele.
Você não vai estar por perto o tempo todo. Por isso, as crianças precisam se sentir seguras e saber que podem (e devem!) contar quando algo que elas assistiram ou presenciaram ultrapassa os limites do que vocês conversaram juntos sobre o que é certo e bondoso.
2. Monitore com frequência
Nos primeiros anos de vida, os pequenos não possuem repertório suficiente para distinguir o que é real e o que é fantasia. Assim, toda informação a que as crianças são expostas no início da vida pode ser compreendido por elas como algo que pertence à realidade. Por isso é nosso papel acompanhar de perto para garantir que a criança absorva apenas aquilo que é adequado.
Mesmo que o conteúdo já seja previamente curado, é importante a presença do adulto mediador para fazer com que o contato do pequeno seja feito da melhor forma possível.
3. Estabeleça limites
Que as crianças da Geração Alpha são apaixonadas por tecnologia, todo mundo já sabe. O nosso desafio, enquanto mães e pais, é saber utilizar essa intimidade toda que os pequenos tem com os dispositivos tecnológicos para potencializar o seu desenvolvimento. Isso faz toda diferença para manter as crianças seguras na internet!
Os estímulos são saudáveis sem excessos. Estabeleça quanto tempo os pequenos podem utilizar o celular, tablet ou TV por exemplo. Brincadeiras entre amiguinhos, debates e atividades ao ar livre podem ser complementadas com desenhos e jogos que tragam conhecimento e reforcem valores entre os pequenos.
Na hora de determinar o tempo de utilização da internet, uma boa dica é levar em consideração a idade de cada criança.
4. Nunca subestime desenhos rotulados como “infantis”
O alerta aqui é para conteúdos aparentemente inofensivos disponíveis abertamente na internet. Frequentemente são polemizados na mídia vídeos falsos que já chegaram a fazer parte da lista de conteúdos relacionados dos desenhos que as crianças assistem.
Imitando desenhos famosos, como Peppa Pig e Frozen, eles possuem conteúdos inapropriados para crianças, onde os personagens infantis fumam cigarros, são torturados com instrumentos de dentista e transformam pessoas em zumbis com injeções.
O mais recente caso polêmico é o da boneca Momo que aparece em vídeos populares de slime para crianças ensinando a se suicidar cortando os pulsos. O caso foi divulgado recentemente pela Revista Crescer.
5. Tenha plataformas infantis seguras como aliadas nessa missão
Os filtros de recomendação que sugerem conteúdos infantis não são o suficiente. O YouTube Kids, por exemplo, alerta sobre sua função de bloquear conteúdos denunciados que “nenhum filtro é 100% preciso”.
Considere ferramentas de conteúdo restrito, curado por especialistas. De acordo com Nathalia Pontes, psicopedagoga que atua na curadoria dos conteúdos do aplicativo infantil PlayKids: “Mais do que procurar espaços destinados para crianças dentro dos produtos e da internet, é importante que a família tenha uma relação de diálogo transparente com os pequenos, mostrando quais são os riscos que o ambiente digital pode oferecer, se não utilizarem da maneira correta.
Essa é uma forma segura e de educar as crianças e estimulá-las a crescerem como cidadãos digitais conscientes, preparados para lidar com toda a tecnologia que eles adoram da melhor forma.”