Peixe criado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá tem a pele utilizada para a produção de couro para bolsas, calçados e outras peças de moda. Só este ano, mais de 1,1 mil peles devem ser vendidas.

Se antes a pele do pirarucu era descartada ou até enterrada, hoje ela traz ganhos para pescadores e também é alvo de grandes marcas da moda.
Isso é o que aponta Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que há anos vem realizando um trabalho de assistência junto aos manejadores e moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, ligados à Associação dos Moradores e Usuários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá Antônio Martins (Amurman).
Junto com a FAS, os pescadores passaram a dar uma nova destinação para essas peles, que agora são usadas por marcas famosas como a Osklen e Louis Vitton, principalmente para produção de couro para bolsas, calçados e outras peças de moda.
Segundo a FAS, em 2019 a Amurmam comercializou 2.178 peles. Em 2020, foram 1.415 e em 2021, o número baixou para 948 peles.
O motivo do decréscimo na comercialização foi a pandemia e consequente diminuição das feiras de pirarucu presenciais, o que fez aumentar número de vendas do pescado inteiro – e não em pedaços – para frigoríficos, o que impede a retirada da pele para comercialização.
No entanto, para este ano a expectativa venda de peles de pirarucu fique em torno de 1.100.
Atualmente, a pele representa cerca de 23% do total de ganhos das feiras de pirarucu para as famílias beneficiadas. Em 2021, o valor total de faturamento para as 217 famílias de 11 comunidades da RDS Mamirauá foi de mais de R$420 mil.
Toda pele de pirarucu deve vir de cativeiros ou de planos de manejo regulamentados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que fiscaliza o desembarque e as empresas pesqueiras que comercializam o pescado.
Segundo o instituto, o produto é regularizado em relação ao período do ano e ao tamanho permitido para pesca e comercialização.
As peles são negociadas com apoio da FAS para a Nova Kaeru, empresa que apoia o manejo do pirarucu pela compra da pele desde 2017.
O processo de “curtimento” da pele, que o transforma em couro, é realizado após o transporte do material orgânico até o estado do Rio de Janeiro, sede da empresa.


