
Após ser velado nesta segunda-feira (3) no Estádio da Vila Belmiro, em Santos, Pelé, de 82 anos, foi enterrado numa cerimônia reservada para a família hoje à tarde no cemitério vertical na mesma cidade, o Memorial Necrópole Ecumênica, o maior vertical do mundo.
Mais de 150 mil pessoas passaram pelo velório para o adeus a Pelé, incluindo o presidente Lula. Após missa com o padre Toninho e padre Xavier, o corpo saiu, às 10h, em em cortejo aplaudido por populares e torcedores pelas ruas de Santos.
No trajeto, o cortejo passou em frente a casa da mãe de Pelé, Dona Celeste Arantes, de 100 anos, onde familiares foram a varanda da casa assistir à cerimônia, e fizeram questão de agradecer as demonstrações de solidariedade que receberam (ver abaixo).
Em julho de 2003, aos 62 anos, Pelé comprou lóculos (espaços onde o caixão é colocado) para a família no nono andar, em referência ao número da camisa que o pai usava quando era jogador.
Pelé, no entanto, foi sepultado em uma área especial, no primeiro andar do prédio, de cerca de 200 metros quadrados e que contará com algumas homenagens ao rei do futebol. Assim, segundo a administração do cemitério, o acesso para visitação será facilitado.
O local, que tem vista para a Vila Belmiro, o estádio onde o ex-jogador iniciou sua carreira esportiva, já recebeu os corpos do irmão, de uma tia e do pai de Pelé.
Paz espiritual

Em 2003, Pelé chegou a declarar à TV Tribuna que havia escolhido o Memorial por causa da “organização, limpeza e estrutura”. Ele escolheu o local para seu sepultamento pessoalmente, com o criador do Memorial, Pepe Altstut, falecido em 2021.
“É um local que transmite paz espiritual e tranquilidade, onde a pessoa não se sente deprimida, sequer parece com um cemitério”, disse o jogador na época.
Instalado em Santos, o Memorial foi o primeiro cemitério vertical da América Latina e tem uma área de cerca de 40 mil metros quadrados. Além de grandes construções para abrigar centenas de sepulturas, o local é rodeado por reserva nativa e preservada da Mata Atlântica e abriga lagoas com carpas e tartarugas, um aviário e o Museu de Veículos.
Também foi o primeiro crematório de iniciativa privada do Brasil e levou pouco mais de dez anos para ter sua construção concluída.
Em 1991, no ano da inauguração, o espaço entrou no Guinness Book, o livro dos recordes, como o maior cemitério vertical do mundo, honraria que mantém há 31 anos. O prédio tem 14 andares e não há mais lóculos disponíveis. Para manter um lóculo, é preciso pagar entre R$ 40 a R$ 50 mil anuais.
O local foi concebido para solucionar um problema que perdurava há anos na cidade de Santos, a frequente realização de sepultamentos em meio a lama, decorrente dos lençóis freáticos existentes na região.
O espaço possui mais de 18 mil lóculos, salas de velório com suítes para repouso, cinerário, ossário, mausoléus e uma capela.
Segundo informações do Memorial, o local será ampliado, com a construção de um novo prédio de 108 metros de altura, o equivalente a uma edificação convencional de 40 andares. Com o novo espaço, que deverá ser concluído em até quatro anos, o Memorial aumentará sua capacidade para 25 mil lóculos.
O espaço conta com lóculos de dois nomes marcantes da música brasileira: Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr., morto em março de 2013, e do baixista Champingon, da mesma banda, que perdeu a vida seis meses depois. O pugilista Éder Jofre, que morreu em outubro deste ano, foi cremado no Memorial.