
A crença de que existe um “gene gay” acaba de cair por terra, de acordo com um novo trabalho científico conduzido por uma série de pesquisadores internacionais liderados por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália. A pesquisa, publicada na revista especializada Science, indicou que o comportamento homossexual influenciado por uma infinidade de variantes genéticas e ambientais e não apenas por um único gene.
A partir de dados de mais de 500 mil pessoas, coletados do projeto Biobank do Reino Unido e da 23andMe, e entrevistas nas quais os participantes foram questionados não sobre a orientação sexual, mas se alguma vez haviam mantido relações sexuais com alguém do mesmo sexo. Também foram feitas perguntas sobre fantasias sexuais e o grau em que as pessoas se identificam como gays ou heterossexuais. O levantamento não incluiu transgênero.
Cerca de 4% dos homens e quase 3% das mulheres afirmaram ter tido alguma experiência sexual com alguém do mesmo sexo. Os pesquisadores detectaram cinco variantes genéticas (pequenas diferenças no DNA) que mostraram uma clara ligação ao comportamento sexual do mesmo sexo, segundo eles. Duas foram encontradas em homens e mulheres, duas apenas em homens e uma apenas em mulheres. Dois desses marcadores genéticos estão próximos de genes ligados aos hormônios sexuais e ao cheiro, fatores que podem desempenhar um papel na atração sexual.
Entretanto, mesmo somadas, essas cinco variantes genéticas explicam menos de 1% da variação no comportamento homossexual entre os participantes. Isso sugeriria que outras variantes estariam envolvidas, cada uma desempenhando um papel igualmente pequeno.
Ao analisarem a similaridade genética geral de indivíduos que tiveram uma experiência com pessoas do mesmo sexo, a genética parecia explicar entre 8% e 25% do comportamento. Outros fatores como influências ambientais e biológicas, como, por exemplo, o ambiente hormonal no útero, teriam um papel importante na homossexualidade.
O estudo tem limitações, incluindo o fato de se basear principalmente em pessoas de ascendência européia. A idade dos participantes também seria um fator limitante, já que os entrevistados teriam entre 40 e 50 anos, o que não representa uma amostra fidedigna da população em geral.


