
Uma pesquisa realizada com 2 mil mães brasileiras chegou a um percentual de 76% que consideram a escola como o lugar ideal para a vacinação infantil.
O estudo foi realizado pela farmacêutica Pfizer e pelo Instituto Locomotiva e divulgado pouco antes da Semana Mundial da Imunização, que acontece entre 24 e 30 de abril. As respostas indicam que as mães gostariam de ser ajudadas pela escola a manter o calendário vacinal em dia.
Oito em cada dez mães concordaram com a frase “seria muito prático se a vacinação do/da meu/minha filho/filha pudesse ocorrer dentro da escola”, e, para 85%, “se houvesse a possibilidade de a vacinação ocorrer na escola a cobertura vacinal infantil poderia ser maior”.
A vacinação escolar é uma estratégia defendida por especialistas em imunização como um instrumento para elevar as coberturas vacinais, que estão em queda no país desde 2015.
Com percentuais abaixo da meta que garante a imunidade de rebanho, doenças imunopreveníveis como o sarampo e a poliomielite podem reaparecer no país ou se espalhar com mais facilidade.
O questionário aplicado nas cinco regiões do país também mostrou que 81% das entrevistadas ficariam seguras com a vacinação dentro da escola se soubessem que ela seria realizada por profissionais de saúde qualificados.
Segundo a pesquisa 91% das mães afirmam que provavelmente autorizariam os filhos a receber as doses na escola. Entre elas, três em cada quatro dizem que a decisão independeria, inclusive, do tipo de vacina administrada.
Apostar na escola como fonte de informação e local de facilitação do acesso às vacinas está em linha com alguns problemas apontados pela própria pesquisa: 68% das participantes dizem que já se sentiram confusas sobre a imunização dos filhos, 39% já deixaram de vacinar por dificuldades de chegar aos postos e 56% relatam que, com as demandas do dia a dia, já acabaram esquecendo as datas de vacinação dos filhos.
As mães ouvidas consideram a falta de informação e conhecimento sobre a vacinação o principal obstáculo à vacinação. Para 17% das mães, a falta de confiança nas vacinas é uma das razões que atrapalha.
Desigualdades
As entrevistas mostraram que metade das mães das classes A/B contam com algum tipo de acompanhamento que ajude a lembrar o dia de vacinar seus filhos, enquanto esse percentual é de apenas 25% para as mães da Região Norte. As nortistas, ao lado das mães negras e das mães das classes D/E são as que têm menos informação, assistência e acesso às vacinas.
As mães nortistas, por exemplo, são as que relatam com mais frequência já terem perdido um dia de trabalho para colocar a vacinação em dia.
O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), lembra que o Norte e o Nordeste são as regiões do país que apresentam os indicadores mais baixos de imunização infantil.
“É importante considerar o impacto da desigualdade social dentro desse cenário para que possamos buscar soluções que ajudem a transpor cada um dos obstáculos enfrentados pelas famílias na imunização de suas crianças”, afirma.
A diretora médica da Pfizer, Adriana Ribeiro, afirma que o objetivo da pesquisa é ajudar a aprofundar a avaliação sobre o cenário de queda nas coberturas vacinais, de modo que soluções mais efetivas possam ser encontradas.


