
A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta quinta-feira (3), cinco mandados de busca e apreensão na casa de ex-membros da alta cúpula do Governo do Amazonas, investigados por articularem uma trama para beneficiar a candidata a prefeita de Parintins, apoiada pelo governador do estado, Wilson Lima (União Brasil). São alvos da ‘Operação Tupinabarana Liberta’, Fabrício Rogério Cyrino Barbosa e Marcos Apolo Muniz de Araújo, ex-secretários de Administração e Cultura, respectivamente, além de Armando do Valle, ex-diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama). Todos foram exonerados no final da tarde desta quarta-feira (2), quatro dias depois da denúncia do candidato a prefeito de Parintins, Mateus Assayag (PSD), no último sábado (28).
Agentes também estão cumprindo mandados na casa do tenente-coronel Jackson Ribeiro dos Santos do cargo de Comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano(Rocam) e o capitão Guilherme Navarro Barbosa Martins da Polícia Militar do Amazonas.
Na denúncia, Assayag apresentou um vídeo onde na gravação aparecia a cúpula do governo numa reunião comprometedora planejando como inviabilizar sua campanha e beneficiar a candidata do governador Brena Dianaá, do União Brasil, partido de Wilson Lima.
Na última segunda a juíza eleitoral de Parintins, Juliana Arrais, determinou o afastamento do comandante da PM naquele município e ordenou o retorno imediato dos policiais militares da Rocam e de agentes do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil do Amazonas, sob suspeita de abuso do poder econômico e político durante as eleições.
Operação Tupinambarana Liberta
O objtivo da ‘Operação Tupinambarana Liberta’, que já vinha sendo planejada há dois dias, é combater e investigar os crimes cometidos por meio dessa associação criminosa, que envolve corrupção eleitoral, abolição do estado democrático de direito, utilização de violência para obter votos e impedir o exercício de propaganda eleitoral.

A operação mobiliza 50 policiais federais que cumprem cinco mandados de busca e apreensão em locais identificados durante as investigações em Manaus.
A investigação identificou que foram utilizadas estruturas de Estado, inclusive, de forças policiais para benefício de um dos candidatos a prefeito da cidade – Brena Dianaá. Além dos mandados de busca, a Justiça Eleitoral determinou a proibição do acesso dos investigados à cidade de Parintins, comunicação entre eles e e com coligações partidárias do referido Município.

A Superintendência Regional da Polícia Federal em Manaus providenciou, esta semana, o aumento do efetivo policial no município de Parintins visando garantir a segurança do pleito na cidade, bem como a liberdade da população para exercer livremente o direito democrático ao voto.
Sobre a investigação:
A investigação foi iniciada em razão de notícia de fato apresentada pelo Ministério Público Eleitoral em Parintins à Polícia Federal em 16/9/2024. Durante as investigações, surgiram indícios de ameaças de líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional de tráfico de drogas proibindo o acesso de candidatos à prefeitura a certos bairros, bem como vedação de circulação em determinadas localidades.
Aliado a isso, foram colhidos indícios acerca da possível inércia de agentes públicos para coibir tais ameaças em prol de uma candidatura à Prefeitura de Parintins. As ações coordenadas do grupo criminoso teriam promovido a espionagem de pessoas ligadas a um grupo político do município e também monitorado o deslocamento de policiais federais com a finalidade de frustrar a atuação da Polícia Federal.
Em data recente, jornais publicaram vídeos que demonstram autoridades públicas articulando para influenciar diretamente nas eleições da cidade de Parintins, mediante diversas condutas escusas e formas ilegais de atuação. Na segiunda-feira (30), o governador Wilson Lima, chegou a colocar em dúvida a veracidade do vídeo de 1h de duração, afirmando que ele teria sido editado.
“Não estou dando uma opinião, estou pedindo que haja uma comprovação da veracidade do vídeo, porque não há nenhuma. O vídeo foi editado, e isso é claro para todos”, disse na ocasião reforçando sua confiança nos envolvidos: “A gente não pode permitir narrativa, né, que no período eleitoral, possa comprometer o trabalho que é feito com muita eficiência pela polícia do “Estado do Amazonas”, acrescentou..
A operação da PF conta com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar no Estado do Amazonas no acompanhamento da execução em face dos policiais militares envolvidos.
O nome da Operação decorre do termo utilizado atualmente pelos moradores de Parintins, chamando-a de “ilha Tupinambarana, a ilha da magia”, fazendo referência a região que foi habitada por diversas etnias indígenas, dentre elas os Tupinambás. O município é conhecido por situar o Festival Folclórico de Bois Bumbás, Garantido e Caprichoso. A Operação da Policia Federal visa garantir o livre exercício do voto no Município.
